Bolsonaro insiste em usar a Petrobras como instrumento do seu populismo barato e rasteiro

 
Na corrida presidencial de 2018, o UCHO.INFO afirmou com propriedade que o então candidato Jair Bolsonaro era – ainda é – incompetente e desprovido de estofo para ocupar cargo de tamanha responsabilidade e importância como a Presidência da República. Além disso, alertamos para o perigo de o Brasil ingressar no caminho do retrocesso e do obscurantismo, algo que o tempo provou ser verdade.

Como destacamos em matéria anterior, Bolsonaro está preocupado com a reeleição e teme que os preços dos combustíveis minem sua tentativa de conquistar mais um mandato presidencial, apesar de ele próprio dizer ser um sacrilégio ocupar o principal gabinete do Palácio do Planalto.

Em mais uma investida populista, o presidente, que continua acreditando ser o governo dono absoluto da Petrobras, voltou ao tema dos preços dos combustíveis, majorados na última quinta-feira (10) pela companhia, que precifica seus produtos com base na cotação do petróleo no mercado internacional.

Nesta terça-feira (15), em cerimônia no Palácio do Planalto, Bolsonaro disse esperar que a Petrobras “retorne aos níveis da semana passada”. “Agora, essa guerra que está lá na Rússia, lá com a Ucrânia, tem influenciado a nossa economia. Pelo que tudo indica, os números agora, em especial do preço do barril de petróleo lá fora, sinalizam para uma normalidade no mundo. Espero que assim seja”, disse declarou.

“E espero que a nossa querida Petrobras, que teve muita sensibilidade ao não nos dar um dia [de prazo extra], ela retorne aos níveis da semana passada os preços dos combustíveis no Brasil”, completou.

 
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Ciente de que os preços dos combustíveis têm ingredientes de sobra para colocar a perder seu plano de reeleição, Bolsonaro se faz de desentendido e tenta colocar a Petrobras contra a população, quando na verdade o presidente da República deve se perguntar por qual razão a política econômica do seu governo é um fracasso.

Em janeiro de 2019, quando Jair Bolsonaro e seus “generais de pijama” se instalaram no Palácio do Planalto, o barril de petróleo do tipo Brent fechou o mês comercializado a US$ 56,58 o barril. Nesta terça-feira, o petróleo no mercado futuro fechou o dia valendo US$ 98,69 o barril. Naquele mês, o dólar estava cotado a R$ 3,65, ao passo que hoje encerrou os negócios valendo R$ 5,17.

Apesar de estar nas alturas, o preço do petróleo registrou queda de 7,68% não porque existe a possibilidade de uma trégua na guerra na Ucrânia, mas porque uma nova onda de Covid-19 obrigou a China a confinar mais de 30 milhões de pessoas após registro de 5 mil novos casos da doença. Em outras palavras, diante de eventual redução do consumo por parte da China, o petróleo teve redução no preço.

Em janeiro passado, o petróleo foi comercializado a US$ 83,92, sendo que em fevereiro saltou para o patamar de US$ 93 o barril ou mais. A Petrobras, que pauta sua política de preços na paridade internacional do petróleo, não pode ter prejuízo apenas porque Bolsonaro teme não ser reeleito.

Após a invasão as tropas russas invadirem a Urânia e patrocinarem a maior tragédia humanitária desde a Segunda Grande Guerra, o petróleo chegou a ser vendido a US$ 127,98 o barril (cotação de 8 de março). A Petrobras estava sem reajustar os preços dos combustíveis há quase dois meses, ou seja, Bolsonaro pode sonhar à vontade, pois os direitos dos acionistas minoritários da empresa devem ser respeitados.

Caso Jair Bolsonaro queira usar a Petrobras para fazer cortesia com o chapéu alheio, que o governo compre as ações em poder dos minoritários e transforme a companhia em uma catapulta de caridades, acionada todas as vezes que o seu projeto de reeleição é ameaçado.


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