Prestes a ingressar no PSD, Eduardo Leite, governador do RS, deixa a cúpula do PSDB desorientada

 
Em 2016, antes da eleição para a Prefeitura de São Paulo, o UCHO.INFO afirmou que a chegada de João Dória Júnior, atual governador dos paulistas, ao PSDB seria o início da derrocada de um partido que há muito sofre processo de encolhimento.

Dória, que prometeu concluir o mandato como prefeito da capital paulista, abandonou o posto para concorrer ao governo do Estado de São Paulo, agarrando-se ao então candidato Jair Bolsonaro para conseguir chegar ao Palácio dos Bandeirantes.

Após a eleição, João Dória deu início a um processo de descaracterização do PSDB, acreditando que poderia se apossar da legenda sem qualquer cerimônia. Um dos principais adversários de Dória dentro do partido é o deputado federal Aécio Neves (MG), que sabe muito bem como transitar nos bastidores tucanos. Aécio soube como articular e acabou por dificultar a vida do governador paulista, a ponto de Dória ser obrigado a disputar prévias para concorrer à Presidência da República.

João Dória é governador de direito de São Paulo, mas quem governa de fato é o vice Rodrigo Garcia, que trocou o PFL pelo PSDB com a promessa de concorrer ao Palácio dos Bandeirantes. Agora, com o PSDB acenando com a possibilidade de se juntar com o MDB e o União Brasil em uma federação partidária com vistas à eleição presidencial, Dória, que continua empacado nas pesquisas, corre o risco de ser escanteado.

Por outro lado, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que foi derrotado nas tumultuadas prévias tucanas, está a um passo de se filiar ao PSD, de Gilberto Kassab, e concorrer à Presidência em outubro próximo.

 
A saída de Leite do PSDB, dada como certa, causará estragos no partido, assim como aconteceu no caso de Geraldo Alckmin, que deve ser candidato a vice na chapa de Lula. A cúpula tucana tentava convencer o governador gaúcho a permanecer na legenda, mas a investida não surtiu resultado. Isso porque Leite deverá levar consigo alguns correligionários.

Agora, diante da iminente saída do governador do Rio Grande do Sul, o PSDB afirma que Eduardo Leite deu prejuízo ao partido por ter recebido R$ 1,2 milhão para participar das prévias. Tesoureiro do PSDB, César Gontijo alega que a decisão de Leite, se confirmada, será um “desastre financeiro”.

“As prévias custaram R$ 10 milhões e só aconteceram porque Eduardo Leite se comprometeu a ficar na legenda se perdesse. É uma questão ética. Por isso fizemos esse investimento. Ele vai enterrar a carreira se sair do PSDB. Quem vai acreditar em Eduardo Leite depois disso?”, afirmou Gontijo ao jornal “O Estado de S. Paulo”.

É importante lembrar que nas prévias do PSDB o governador gaúcho contou com o apoio de nomes destacados do partido, como o senador Tasso Jereissati, o ex-governador Geraldo Alckmin e o deputado federal Aécio Neves.

O PSDB deveria ter refletido sobre a consequências de receber no partido alguém como João Dória, que entre os presidenciáveis é o que carrega o maior índice de rejeição. Em suma, se a cúpula do partido quer culpar alguém pelo “desastre financeiro”, que procure o governador de São Paulo. Afinal, Eduardo Leite conseguiu o que parecia ser impossível: oxigenar um partido em queda livre e que continua na órbita do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

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