Milton Ribeiro admite priorizar pedidos encaminhados por pastores; ministro deveria ser demitido e preso

 
Em qualquer país minimamente sério e com autoridades imbuídas de seus deveres, o ministro Milton Ribeiro, da Educação, já teria sido demitido. Isso só não acontece porque Ribeiro cumpre ordens do presidente Jair Bolsonaro, que usa a fé alheia como moeda de troca para garantir apoio no Congresso Nacional e salvar seu projeto de reeleição.

Na última semana, o UCHO.INFO referiu-se a pastores que fazem o papel de lobistas como “bando”, termo que causou indignação na base de sustentação do governo federal. Na noite de segunda-feira (21), o jornal “Folha de S.Paulo” divulgou áudio em que Milton Ribeiro admite dar prioridade aos pedidos de liberação de verbas a prefeituras encaminhados pelos pastores Gilmar Silva dos Santos (presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil) e Arilton Moura (assessor de Assuntos Políticos da entidade).

Na gravação, Milton Ribeiro, que deveria ser preso e processado, diz em conversa com prefeitos e religiosos, na sede da pasta: “Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”.

É um caso clássico de tráfico de influência e de crime de responsabilidade que exigem da Procuradoria-Geral da República (PGR) uma reação imediata, pois em jogo está o interesse público. O procurador-geral Augusto Aras, sempre subserviente ao Palácio do Planalto, adotou até o momento silencio obsequioso diante de mais um escárnio com a chancela de Bolsonaro.

 
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Ao ter os interesses contrariados, o presidente da República reage afirmando que ‘joga dentro das quatro linhas da Constituição”, mas por certo ele desconhece o trecho da Carta Magna que trata do Estado laico.

Considerando que na gravação o ministro da Educação afirma se tratar de um “pedido especial” do presidente da República, Bolsonaro deve igualmente ser processo por crime de responsabilidade, por incentivou, de forma consentida, o tráfico de influência no Ministério da Educação.

O Brasil está entregue a uma quadrilha formada por adeptos do golpismo e fundamentalistas religiosos, sem que os brasileiros de bem reajam à altura a mais um episódio criminoso levado adiante com a aquiescência de Bolsonaro.

Muito estranhamente, até agora a sociedade não se manifestou sobre o assunto, sendo que deveria cruzar os braços e exigir a imediata demissão de Milton Ribeiro, que deverá ser convocado para depor no Congresso.

Em 2013, quando o valor da passagem de ônibus na cidade de São Paulo foi majorado em R$ 0,30, o País veio abaixo e a população foi às ruas em protestos muitas vezes violentos. Agora, a pasmaceira tomou conta da população. Ou será que todos concordam com o banditismo político escondido sob a fé?

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