Ciente de que pastores cobravam propinas de prefeitos, Milton Ribeiro continuou se reunindo com a dupla

 
O presidente da República, Jair Bolsonaro, tenta minimizar o escândalo no Ministério da Educação e diz não ver problema nos pedidos de propina feitos pelos pastores Gilmar Silva dos Santos e Arilton Moura a prefeitos que buscavam a liberação de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

A postura de Bolsonaro tem por objetivo proteger não apenas a si próprio, mas o ministro Milton Ribeiro, que mesmo sabendo da atuação criminoso dos dois pastores continuou se reunindo com a dupla no ministério e fora da pasta.

Ribeiro, que terá de dar explicações aos congressistas, diz que comunicou a Controladoria-Geral da União (CGU) assim que recebeu denúncias de “conversas estranhas” de Arilton Moura. A CGU, por sua vez, abriu investigação em setembro de 2021, a pedido de Ribeiro, e constatou “possíveis irregularidades cometidas por terceiros”, mas não por servidores da pasta. Resumindo, a roubalheira corria solta no Ministério da Educação, mas a CGU ignorou o crime por não ter servidores envolvidos.

É necessário saber se a CGU adotou tal postura por incompetência ou por algum pedido do Palácio do Planalto, já que o presidente Jair Bolsonaro sempre soube dos crimes cometidos pelos pastores.

 
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Bolsonaro pode alegar desconhecimento dos fatos, mas em gravação o ministro da Educação, em reunião com religioso e prefeitos, disse que priorizava os pedidos dos pastores por solicitação do presidente da República.

A alegada inocência de Milton Ribeiro não convence, assim como não convencem suas primeiras declarações após o escândalo se tornar público. O ministro se contradisse ao afirmar que Bolsonaro nunca pediu para priorizar os pleitos apresentados pelos pastores, mas na gravação citada o discurso é diferente.

Mesmo sabendo que a dupla de pastores havia transformado o Ministério da Educação em balcão de negócios, com direito a cobrança de propinas em dinheiro, barras de ouro e compra forçada de exemplares da Bíblia, Milton Ribeiro reuniu-se sete vezes com os religiosos.

Em qualquer país minimamente sério e com autoridades imbuídas de seus deveres – não é o caso do Brasil – a demissão sumária de Ribeiro já teria ocorrido. De igual modo, o governo de Jair Bolsonaro teria ido pelos ares. Mas os brasileiros são um povo de sorte, pois Bolsonaro prometeu combater a corrupção e acabar com o “toma lá, dá cá”.

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