Eduardo Leite fica no PSDB e quer concorrer à Presidência; Dória diz que ignorar resultado das prévias é golpe

 
Há dias, o UCHO.INFO afirmou que Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, estava prestes a trocar o PSDB pelo PSD. Derrotado nas prévias tucanas que definiram o também governador João Dória Júnior como candidato da legenda à Presidência da República, Leite viu na aventada troca de partido uma possibilidade de concorrer ao Palácio do Planalto.

Depois de flertar com o PSD, partido comandado por Gilberto Kassab, o governador gaúcho anunciou nesta segunda-feira que continuará no PSDB. Leite tem afirmado também que deixará o governo do Rio Grande do Sul até o próximo sábado, 2 de abril, apostando na possibilidade de ser candidato à Presidência.

Em matéria publicada em 21 de março, afirmamos que o PSDB enfrenta um melancólico processo de derretimento, algo que teve início por ocasião do escândalo conhecido como “Mensalão do PT”, quando tucanos apostaram que seria fácil derrotar o então presidente Lula na eleição de 2006, o que não aconteceu.

De lá para cá, o PSDB mostrou ser um partido sem vocação para fazer oposição, balançando entre inexplicáveis acordos de coxia e explícitas declarações de apoio aos ocupantes do poder central. No rastro do processo de desmoronamento, o PSDB viu a situação piorar com a chegada de João Dória em 2016, quando concorreu à Prefeitura de São Paulo. À época, este site afirmou que o tucanato se arrependeria de dar guarida política a Dória, que contou com o apadrinhamento de Geraldo Alckmin.

 
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. O fim melancólico do PSDB, que saiu da social-democracia para se tornar um medíocre partido de direita

O PSDB, que tornou-se um medíocre partido de direita, contrariando os fundamentos sociais-democratas que embasaram a criação do partido, agora enfrenta uma nova cizânia interna. Enquanto alguns “caciques”, os chamados “cabeças brancas”, defendem Eduardo Leite como presidenciável da legenda, outro grupo, liderado por Dória, alega que desrespeitar o resultado das prévias é golpe.

Sabem os leitores que prezamos pela coerência, por isso entendemos que trata-se de golpismo querer alijar João Dória da corrida presidencial. A questão não é defender o governador paulista, sempre alvo de nossas críticas, mas de lembrar que o processo de deterioração partidária começou lá atrás. E piorou muito com a chegada de Dória, que para vencer a disputa pelo Palácio dos bandeirantes se uniu a Jair Bolsonaro.

De acordo com as recentes pesquisas eleitorais, João Dória está empacado no último pelotão da disputa pela Presidência da República, com parcos 2% de intenções de voto. Imaginar que o governador de São Paulo conseguirá reverter esse quadro é passar atestado de inocência. Apesar de Dória ter realizado alguns feitos importantes – vacina contra Covid-19, aumento do número de alunos na escola em tempo integral e redução de homicídios – sua rejeição é a maior entre os presidenciáveis.

O PSDB errou em diversas ocasiões, principalmente por causa da soberba política, e precisa enfrentar os efeitos colaterais dos muitos equívocos cometidos ao longo dos últimos quinze anos. O partido chega a mais uma eleição rachado internamente, situação que representa uma nova pá de cal na sepultura tucana. Em suma, o efeito Dória começa a sair das catacumbas da legenda.

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