Moro é convidado a migrar para o União Brasil; se aceitar, o ex-juiz estará no lugar certo e bem acompanhado

(Dida Sampaio - Estadão)

 
Estar empacado nas pesquisas eleitorais não é o único fantasma a perseguir Sérgio Moro, o falso “Don Quixote” tupiniquim e pré-candidato à Presidência da República. Há algumas semanas, Moro, que é filiado ao Podemos, disse que não dividiria palanque com o deputado estadual Arthur do Val, conhecido como “Mamãe Falei” e que deixou a legenda após o polêmico e sexista áudio em que afirma que as mulheres ucranianas “são fáceis porque são pobres”.

Sem legenda e aguardando a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) decidir sobre cassação do seu mandato, Arthur do Val filiou-se ao União Brasil, fusão entre PSL e Democratas, partido com o qual Moro vem discutido a possibilidade de uma candidatura única ao Palácio do Planalto.

Sem chances concretas, pelo menos por enquanto, de chegar ao segundo turno da corrida presidencial, Sérgio Moro sabe que para reverter o quadro atual é preciso muito dinheiro, algo que o União Brasil tem de sobra. O Podemos, por sua vez, tem orçamento mais enxuto e não pode despejar a maior parte dos recursos na campanha de Moro, pois também espera eleger deputados e senadores.

O União Brasil decidiu fechar o cerco a Moro, sinalizando com a possibilidade de tê-lo como candidato do partido ao Palácio do Planalto. O argumento é que, além da disponibilidade de recursos para bancar uma campanha presidencial, o ex-juiz teria à disposição um bom número de palanques estaduais.

Que Sérgio Moro não morre de amores pela coerência o País já sabe, mas é preciso aguardar a decisão do último dos moralistas (sic) nacionais. Caso aceite migrar para o União Brasil, Moro mandará pelos ares o que disse recentemente em relação a Arthur do Val, que até o escândalo misógino era candidato do Podemos ao governo de São Paulo.

 
De quebra, para completar o calvário político-eleitoral, o ex-juiz da Lava-Jato, além de aturar o “Mamãe Falei”, terá de lidar com os efeitos colaterais da companhia do deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil-SP), que estava de mudança para o Podemos, mas recuou. Kataguiri, como é de conhecimento público, afirmou em entrevista ao Flow Podcast considerar um erro o fato de a Alemanha ter criminalizado o nazismo.

A declaração repercutiu negativamente como rastilho de pólvora, a ponto de a Procuradoria-Geral da República (PGR) ter aberto procedimento investigativo para apurar as falas de Kim Kataguiri e do apresentador do podcast, Bruno Monteiro Aiub, mais conhecido como Monark. Estrago feito, Kataguiri se desculpou com a comunidade judaica e, em discurso na Câmara dos Deputados, reconheceu ter errado ao não rebater a fala de Monark.

O parlamentar do União Brasil decidiu processar dezessete pessoas, entre políticos e profissionais do jornalismo, e quatro veículos de comunicação que o acusaram de fazer apologia ao nazismo. Se criticar o fato de o nazismo ter sido criminalizado pelos alemães não for apologia ao que de pior ocorreu na história, alguém precisa explicar o que é. Para quem já afirmou “não tem que fazer o PT sangrar, tem que dar um tiro na cabeça do PT”, Kataguiri não surpreende e muito menos convence.

Apenas a título de informação, Kim Kataguiri, que sempre flanou nos ares putrefatos do bolsonarismo, é autor do Projeto de Lei número 2.473/2021, que revoga os crimes contra a honra, mantendo apenas a injúria qualificada pelo uso de elemento racial ou referente à idade e à condição de pessoa com deficiência. Em suma, é um dos pais da incoerência.

Para finalizar, na eventualidade de migrar para o União Brasil, o ainda presidenciável Sérgio Moro estará na legenda certa e muitíssimo bem acompanhado. A começar pelo presidente do União Brasil, Luciano Bivar, indiciado pela Polícia Federal por causa do “laranjal” do PSL.

Se você chegou até aqui é porque tem interesse em jornalismo profissional, responsável e independente. Assim é o jornalismo do UCHO.INFO, que nos últimos 20 anos teve participação importante em momentos decisivos do País. Não temos preferência política ou partidária, apenas um compromisso inviolável com a ética e a verdade dos fatos. Nossas análises políticas, que compõem as matérias jornalísticas, são balizadas e certeiras. Isso é fruto da experiência de décadas do nosso editor em jornalismo político e investigativo. Além disso, nosso time de articulistas é de primeiríssima qualidade. Para seguir adiante e continuar defendendo a democracia, os direitos do cidadão e ajudando o Brasil a mudar, o UCHO.INFO precisa da sua contribuição mensal. Desse modo conseguiremos manter a independência e melhorar cada vez mais a qualidade de um jornalismo que conquistou a confiança e o respeito de muitos. Clique e contribua agora através do PayPal. É rápido e seguro! Nós, do UCHO.INFO, agradecemos por seu apoio.