Bolsonaro volta a ameaçar o TSE e diz que seu partido contratará empresa para auditar eleições

 
O presidente Jair Bolsonaro insiste em ameaçar o Judiciário, em especial o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e acenar com a possibilidade de golpe, tema para o qual alertamos com anos de antecedência. Nesta quinta-feira (5), durante sua enfadonha live semanal, Bolsonaro afirmou que o Partido Liberal, comandado pelo mensaleiro Valdemar Costa Neto, o “Boy”, contratará empresa para auditar as eleições de outubro.

Em claro tom de ameaça, o presidente disse que o TSE poderá enfrentar dificuldades caso a empresa a ser contratada, cujo nome não foi revelado, concluir que é “impossível auditar o processo”.

“[A empresa] pode daqui a 30, 40 dias, chegar à conclusão que, dada a documentação que tem na mão, dado o que já foi feito até o momento para melhor termos eleições livres de qualquer suspeita de ingerência externa, pode falar que é impossível auditar e não aceitar fazer o trabalho”, afirmou Bolsonaro. “Olha a que ponto podemos chegar”, completou.

Em seguida, Jair Bolsonaro disse “estamos vendo o TSE”, além de os ministros da Corte, “ficarem numa situação bastante complicada”. Ele citou o presidente do TSE, Luiz Edson Fachin, além de Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso e Ricardo Lewandowski.

A nova investida do presidente da República contra o sistema eleitoral aconteceu no mesmo dia em que ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, solicitou ao TSE para que sejam divulgados os questionamentos feitos pelas Forças Armadas sobre as eleições deste ano.

 
Os militares, que fazem eco ao discurso golpista de Bolsonaro, têm cobrado mudanças no sistema eleitoral desde que foram convidados, em 2021, a integrar a Comissão de Transparência das Eleições (CTE). É importante frisar que o sistema eleitoral é o mesmo que elegeu Bolsonaro, seus filhos e apaniguados e os parlamentares de aluguel. Ou seja, o script do golpe avança sem cerimônia.

“Deixo claro, adianto ao TSE, essa auditoria não vai ser feita após as eleições. Uma vez contratada, a empresa começa a trabalhar, a empresa vai pedir ao TSE, com toda certeza, quantidade grande de informações. Ela vai pedir às Forças Armadas o trabalho que fez até agora”, disse o golpista de plantão.

O primeiro erro do TSE foi se deixar levar pelas ameaças de Jair Bolsonaro e convidar militares para integrar o CTE. O segundo erro, na opinião do UCHO.INFO, aconteceu na quarta-0feira (4), quando o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, recebeu em seu gabinete o ministro da Defesa.

Pelo que se sabe, a pasta da Defesa não é Poder constituído, portanto a visita de Paulo Sérgio de Oliveira, general da ativa, serviu apenas para alimentar o discurso criminoso e golpista de Bolsonaro. Quando questionou se as Forças Armadas recebiam instruções palacianas para ameaçar o sistema eleitoral e, por consequência, a democracia, o ministro Luís Roberto Barroso não estava errado.

Fux recebeu o ministro da Defesa em audiência com o objetivo de tentar desfazer o suposto mal-estar causado pelas declarações do ministro Barroso. Não por acaso, Fux está isolado nos bastidores do STF por causa de postura que apequena o tribunal.