Dias Toffoli nega pedido do presidente da República para investigar o ministro Alexandre de Moraes

 
A decisão do presidente Jair Bolsonaro de ingressar com ação contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), por abuso de autoridade é mais um capítulo da epopeia golpista que o chefe do Executivo insiste em levar adiante.

Moraes é relator de investigações contra o presidente da República, entre as quais o chamado inquérito das fake news, aberto em 2019 para investigar ataques, ameaças e mentiras divulgadas sobre ministros do STF. Além de Bolsonaro, diversos aliados do presidente são alvo da investigação.

Bolsonaro sabe que cresce a cada dia a possibilidade de ser derrotado nas urnas de outubro próximo, por isso investe contra a democracia, o sistema eleitoral e as instituições, pois necessita de um enredo para instalar o caos no País. O objetivo do presidente com os sistemáticos e criminosos ataques é desacreditar o Judiciário e provocar uma suposta convulsão social que lhe permita decretar o Estado de exceção, que depende de aprovação do Congresso Nacional.

Ciente de que Alexandre de Moraes assumirá a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em breve e durante as eleições testará à frente do tribunal, Bolsonaro pretende deixar pronto o script golpista. É importante que os brasileiros de bem atentem para esse fato e desconsiderem os apelos de alguns conhecidos jornalistas que pregam o abandono da tese do golpe, pois essa existe e está em marcha.

 
Em relação à notícia-crime contra Alexandre de Moraes, o presidente sabia com antecedência do fracasso da manobra, mas insistiu no tema para agradar a sua turba de apoiadores, que continua disparando ataques e ameaças ao STF, ao TSE e a seus integrantes.

Além disso, Bolsonaro cria essas cortinas de fumaça para distrair a extensa maioria da população, que tenta se equilibrar sobre a corda bamba da inflação. Com os preços dos combustíveis, dos alimentos e dos serviços nas alturas, o presidente precisa lançar mão do coitadismo, sem o qual já teria despencado nas pesquisas de opinião.

Escolhido por sorteio eletrônico relator da ação protocolada por Bolsonaro, o ministro Dias Toffoli rejeitou o pedido para investigar o colega de tribunal, algo que era esperado pelos bons e coerentes operadores do Direito.

“Considerando-se que os fatos narrados na inicial evidentemente não constituem crime e que não há justa causa para o prosseguimento do feito, nego seguimento”, escreveu Toffoli na decisão.

O chefe do Executivo federal certamente arrumará outro argumento para fermentar a queda de braços que trava com o Judiciário, até porque não lhe resta outra saída. Contudo, causa espécie o silêncio das instituições, das autoridades, dos empresários e principalmente da população diante do recorrente escárnio patrocinado por Bolsonaro. É chegada a hora de dar um basta ao presidente, antes que seja tarde.