Subserviente, Paulo Guedes manda o liberalismo econômico pelos ares apenas para manter-se no cargo

 
Apresentado aos eleitores brasileiros, em 2018, como “Posto Ipiranga”, em alusão ao mote da campanha publicitária da homônima rede de postos combustíveis, Paulo Guedes ganhou a simpatia de boa parte mercado financeiro por causa de um falso discurso em defesa do liberalismo econômico. Somente quem desconhecia a trajetória política e o pensamento retrógrado e golpista de Jair Bolsonaro acreditou na possibilidade de uma convergência de ideais.

Nesta terça-feira (24), em Davos (Suíça), onde participa do Fórum Econômico Mundial, Guedes, quando questionado por jornalistas, classificou como “equivocada” a reação do mercado financeiro diante de mais uma mudança na presidência da Petrobras, a terceira em três anos.

José Mauro Ferreira Coelho, que assumiu a presidência da petrolífera brasileira há quarenta dias, foi demitido e será substituído por Caio Mário Paes de Andrade, integrante da equipe de Paulo Guedes no Ministério da Economia. Andrade dificilmente terá como mudar a política de preço, pois dependerá do aval da diretoria da companhia, que corre o risco de também ser substituída.

Como vem afirmando o UCHO.INFO desde a campanha presidencial de 2018, Paulo Guedes é um embuste ambulante que vocifera teorias pré-formatadas sobre liberalismo econômico, mas manda pelos ares as próprias palavras apenas para se manter no cargo. O ainda ministro parece não se incomodar com o fato de ser constantemente desautorizado pelo presidente Jair Bolsonaro, que mais uma vez recorre a absurda manobra para diminuir o risco de ser derrotado na tentativa de reeleição.

 
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Guedes, que sempre tenta terceirizar a responsabilidade pelo desastre da política econômica do governo, debocha do mercado financeiro ao classificar como “equivocada” a reação diante de mais uma ingerência palaciana na Petrobras que mira mudanças na política de preços dos combustíveis.

O governo da Petrobras um picadeiro para Bolsonaro exercitar sua vocação circense apenas porque detém mais de 50,3% das ações com direito a voto. Com base em informações de abril passado e considerando o total de ações da petrolífera, o governo tem 28,7% dos papeis da empresa, sendo que o BNDES e o BNDESPar têm juntos 7,9%. Isso significa que 63,40% das ações da Petrobras estão nas mãos de investidores privados, que devem ter seus direitos respeitados. Insistimos nesse ponto porque a maior empresa brasileira não pode servir de balão de ensaio para golpista.

Pois bem, se Paulo Guedes acredita que somente a diretoria da Petrobras pode deliberar sobre a política de preços dos combustíveis, como afirmou em Davos, rotular como “equivocada” a reação do mercado é discurso dissonante. Os três presidentes da companhia demitidos por Bolsonaro caíram porque se recusaram a fazer a vontade do chefe do Executivo. E Guedes não se manifestou em todas as ocasiões.

No caso de os preços dos combustíveis erem congelados até as eleições de outubro, a responsabilidade pelo efeito retardado dessa bomba bolsonarista não será apenas do presidente da República, mas também de Paulo Guedes, que se apequena de forma recorrente para continuar ministro.