
Horas antes da divulgação da pesquisa Datafolha sobre a sucessão presidencial, no final da tarde de quinta-feira (26), os bolsonaristas invadiram as redes sociais para desacreditar o instituto. No levantamento, o ex-presidente Lula, pré-candidato pelo PT, aparece com 48% das intenções de voto, contra 27% do presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição. Nesse cenário, se a eleição fosse hoje, Lula venceria no primeiro turno.
A situação de Bolsonaro no tocante ao projeto de reeleição não é das mais confortáveis. A pesquisa mostrou que entre os entrevistados com renda de até dois salários mínimos, Lula lidera com 56%, contra 20% do atual presidente da República. Tomando por base o Auxílio Brasil e o alarde do governo para divulgar o programa que substituiu o Bolsa Família, Bolsonaro deveria estar em melhor posição. Isso só não acontece porque a inflação tem corroído o poder de compra da extensa maioria dos brasileiros.
O comportamento truculento e debochado dos apoiadores de Bolsonaro mostra que a preocupação em relação às eleições de outubro próximo é muito maior do que se imagina. E deve crescer por conta da disparada da inflação, das constantes ameaças à democracia e do desrespeito aos direitos humanos.
Sabujo de plantão, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, decidiu fazer uma enquete no Twitter na esperança de desacreditar o instituto de pesquisa. Faria perguntou aos internautas quem tem mais credibilidade: Datafolha, Papai Noel, duendes ou Pinóquio. Para o desespero de Fábio Faria, na manhã desta sexta-feira (27), como revelou o jornalista Leonardo Sakamoto, o Datafolha liderava a enquete com 69% dos 176 mil votos.
É importante ressaltar que o mesmo Fábio Faria, em 14 de agosto de 2020, usou o Twitter para elogiar levantamento feito pelo Datafolha. “Excelente! O presidente @jairbolsonaro atingiu sua melhor avaliação desde o início do mandato, segundo pesquisa Datafolha divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo”, escreveu o ministro na rede social.
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Menino da porteira
Ex-ministro do Meio Ambiente, o ignóbil Ricardo Salles, que sugeriu “passar a boiada”, usou da sordidez e do humor rasteiro para criticar as pesquisas de opinião e elogiar o morticínio ocorrido na Vila Cruzeiro, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro.
No Twitter, Salles escreveu: “A diferença entre IBOPE e BOPE: o primeiro, faz crescer a quantidade de eleitores do barba. O segundo, reduz”.
Apenas a título de esclarecimento, o Ibope não existe desde 2021, enquanto o Bope é a corporação militar que já teve em seus quadros o miliciano Adriano da Nóbrega, parceiro de obscuridades de Fabrício Queiroz e que também gravitou na órbita do esquema criminoso das “rachadinhas”, no gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj)
Apesar de emoldurada pela canalhice, a postagem de Ricardo Salles talvez sirva para explicar a participação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na matança que aconteceu na Vila Cruzeiro, onde 23 pessoas foram assassinadas, sendo que 11 não respondiam a processo penal ou tinham antecedentes criminais.
O UCHO.INFO lamenta não poder publicar o que Salles fala reservadamente sobre o governo Bolsonaro quando está com pessoas próximas. Nossa decisão está alinhada ao compromisso ético em relação ao jornalismo e à necessidade de preservar a segurança e a integridade da fonte.