Insensibilidade torpe de Bolsonaro deve servir de alerta aos eleitores que irão às urnas em outubro

 
A insensibilidade do presidente Jair Bolsonaro diante da tragédia social que reina no Brasil seja a ser repugnante e deve ser levada em conta na eleição de outubro próximo, sob pena de assim não sendo o Brasil continuar caminhando na direção do retrocesso e do obscurantismo.

Despreparado e ao mesmo tempo golpista, Bolsonaro, a exemplo de nove entre dez políticos, é movido pelos próprios interesses. Na passagem do ano, enquanto desfrutava de novas férias, desta vez no litoral catarinense, o presidente disse que não interromperia os momentos de lazer para visitar o Sul da Bahia e o Norte de Minas Gerais, regiões que sofreram com chuvas torrenciais e contabilizaram mortos e desabrigados.

Na última terça-feira, 24 de maio, Jair Bolsonaro usou as redes sociais para cumprimentar os policiais que patrocinaram uma matança na Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro. “Parabéns aos guerreiros do Bope e da Polícia Militar do Rio de Janeiro, que neutralizaram pelo menos 20 marginais ligados ao narcotráfico em confronto, após serem atacados a tiros durante operação contra líderes de facção criminosa”, escreveu o presidente.

Dos 23 mortos, pelo menos dez não respondiam a ações penais ou tinham antecedentes criminais, era pessoas honestas e trabalhadoras que se tornaram refém do crime organizado por conta da ausência do Estado.

Na sexta-feira (27), durante sua enfadonha live semanal, Bolsonaro afirmou que se inteiraria sobre o caso da morte de Genivaldo de Jesus Santos, em Umbaúba (SE), assassinado por integrantes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em uma câmara de gás, antes de emitir qualquer opinião. O crime aconteceu no dia 24 de maio, mas passadas 72 horas Bolsonaro não tinha informações sobre o caso.

Na segunda-feira (30), levado por interesses eleitorais, Jair Bolsonaro sobrevoou a região metropolitana de Recife, fortemente atingida por chuvas que deixaram 106 mortos e mais de 5 mil desabrigados, além de desaparecidos. Após o sobrevoo, o presidente, questionado por jornalistas decidiu falar sobre o caso da morte de Genivaldo.

 
“Não podemos generalizar tudo que acontece no nosso Brasil. A PRF faz um trabalho excepcional para todos nós […] A Justiça vai decidir esse caso. Tenho certeza que será feita a Justiça todos nós queremos isso aí. Sem exageros e sem pressão por parte da mídia que sempre tem lado, o lado da bandidagem”, afirmou.

Dando sequência à insana verborragia, Bolsonaro disse: “Eu lamento o ocorrido há duas semanas aproximadamente, quando dois policiais rodoviários federais queriam tirar um elemento da pista, ele conseguiu sacar a arma de um deles e executou os dois. A GloboNews chamou esse bandido de suspeito. E outro policial, de outra esfera, ao abater esse marginal, vocês foram para uma linha completamente diferente”. Como sempre faz, o presidente tenta culpar a imprensa pelas bizarrices de um governo inepto, truculento e criminoso.

No tocante à tragédia que se abateu sobre a região metropolitana e Recife, Bolsonaro, em entrevista ao apresentador José Luiz Datena, da Band, disse que a população “poderia ajudar” não morando em locais de risco.

“Em parte grande parte nós somos responsáveis, os políticos, mas a população poderia colaborar também evitando, nós sabemos da dificuldade, de fazer sua residência em locais que é sabidamente provável, em havendo um excesso de precipitação, a tragédia se fazer presente”, declarou.

Nenhum ser humano opta por morar em locais de risco, desafiando a morte diuturnamente, porque gosta de sofrer ou de viver de forma perigosa. Por falta de opção acaba se instalando em regiões propensas a tragédias, como as que têm ocorrido no Brasil com certa frequência.

A omissão do governo em relação a políticas sociais e de urbanização levam a esse cenário, sendo que Bolsonaro insiste em terceirizar a culpa pelo ocorrido. Substituto do Programa “Minha Casa, Minha Vida”, o “Casa Verde e Amarela” esteve parado até meados do segundo semestre de 2021 e foi retomado em março passado. Não é à base de solavancos e improviso que se faz políticas habitacionais.

Que os brasileiros de bem pensem duas vezes antes de registrar o voto nas urnas eletrônicas, pois o futuro do Brasil como nação minimamente digna está em jogo. Há quase quatro anos sofrendo com os absurdos cometidos por Bolsonaro e seus comparsas, a sociedade não tem mais como resistir a tantos desmandos e insensibilidade.