Senador pelo PL do Rio de Janeiro, Flávio Bolsonaro ganhou o noticiário não apenas porque é o filho “01” do presidente da República, mas por ter comandado um esquema criminoso de “rachadinhas” no seu então gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (RJ), cuja responsabilidade pela operação era financeira era de Fabrício Queiroz, que fez depósitos em cotas bancárias de membros do clã presidencial.
Em ação judicial que questiona a origem dos recursos utilizados na compra de uma mansão em Brasília, por R$ 6 milhões, Flávio alegou que usou dinheiro proveniente da prestação de serviços advocatícios. Não há nos tribunais do Rio de Janeiro e do Distrito Federal qualquer registro em que o senador apareça como advogado.
Quando a compra do imóvel veio a público, Flávio Bolsonaro alegou que, além do vantajoso financiamento obtido no Banco Regional de Brasília, utilizou recursos da venda de um apartamento no Rio de Janeiro e de uma franquia de chocolates, cujas atividades foram encerradas e o Ministério Público afirmou que se tratava de uma “lavanderia” para o dinheiro das “rachadinhas”.
Se a atuação de Flávio Bolsonaro como advogado é uma monumental e acintosa surpresa, causa espécie a facilidade como consegue operar o milagre da multiplicação das cédulas.
Agora, em meio a mais uma onda de desfaçatez, Flávio afirma que no campo econômico o segundo semestre será promissor. O senador, que por certo vive em um universo paralelo, ignora o fato de que o Brasil tem elevada taxa de desemprego, o quarto maior índice de inflação oficial do planeta (12% no acumulado de doze meses) e a quarta maior taxa básica de juro (12,75% ao ano).
Além disso, com o salário mínimo valendo R$ 1.212,00 e dois terços da população recebendo mensalmente menos do que R$ 2.000,00, não se pode falar em recuperação econômica, como temos afirmado ao longo dos últimos anos. Aliás, quando o salário mínimo é pouco para quem recebe e muito para quem paga, significa que há algo errado na engrenagem da economia.
Flávio Bolsonaro aposta na limitação do ICMS incidente sobre os combustíveis como arma para combater a inflação. Não obstante, o senador afirma com tom autoritário que se for necessário o governo do pai irá para o confronto com a Petrobras para tentar garantir a redução dos preços dos combustíveis.
O parlamentar defende que os estados deem sua cota de contribuição para baixar os preços dos combustíveis, o que na opinião do “01” seria possível com alíquotas menores de ICMS. A grande questão é que muitos estados estão com as contas a um passo do vermelho e não podem abrir de arrecadação. Caso isso aconteça, governadores terão de interromper alguns serviços essenciais, como saúde, educação e segurança.
“Os estados têm gordura para queimar, eles precisam dar a sua cota de sacrifício. Teve aumento de arrecadação. No Rio de Janeiro, o ICMS é 36%, é muito alto”, disse Flávio, que agora quer determinar como os governos estaduais devem se comportar no campo tributário. A declaração foi dada aos jornalistas Juliana Braga e Fábio Zanini, da coluna Painel da Folha de S.Paulo”.
Qualquer aluno que deixou recentemente os bancos da faculdade de Economia sabe que a previsão de Flávio Bolsonaro é um absurdo, talvez fruto do que se conhece como “delirium tremens” – estado confusional breve, com direito a perturbações somáticas. Talvez o senador esteja confundindo cobrança de ICMS com a criminosa apropriação de parte dos salários dos servidores do seu gabinete na Alerj.