China inicia exercícios militares com munição real ao redor de Taiwan

 
A China deu início nesta quinta-feira (4) a exercícios militares com munição real em áreas ao redor de Taiwan. As manobras ocorrem um dia após a visita da presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, à ilha autogovernada, que Pequim considera parte de seu território.

Logo após o início programado para 1h (horário de Brasília), a emissora estatal chinesa CCTV informou que os exercícios haviam começado e terminariam à 1h de domingo. A manobra militar inclui disparos de munição real nas águas e no espaço aéreo em torno de Taiwan, destacou o canal de televisão.

Pequim havia anunciado que realizaria exercícios militares de sua Marinha, Força Aérea e outros departamentos em seis áreas ao redor da ilha autogovernada.

Nesta quinta, mísseis teriam sido lançados pela China perto das ilhas Matsu, em Taiwan, que ficam ao largo da costa chinesa, por volta das 14h no horário local (3h da manhã em Brasília). A informação consta num relatório de segurança interno taiwanês ao qual a agência de notícias Reuters teve acesso e foi confirmada pelo Ministério da Defesa de Taiwan.

O ministério taiwanês descreveu o disparo de “múltiplos mísseis balísticos” como “ações irracionais que minam a paz regional”.

 
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O tabloide estatal e nacionalista chinês “Global Times” afirmou, citando analistas militares, que os exercícios ao redor de Taiwan são “sem precedentes” e que mísseis voariam sobre a ilha pela primeira vez.

“Esta é a primeira vez que o PLA lançará artilharia real de longo alcance” através do Estreito de Taiwan, escreveu o jornal, usando a sigla do nome formal das forças militares chinesas, o Exército de Libertação Popular (People’s Liberation Army, em inglês).

“Comportamento irresponsável”

Autoridades taiwanesas afirmaram que os exercícios militares violam as normas das Nações Unidas, invadem o espaço territorial de Taiwan e são um desafio direto à livre navegação aérea e marítima.

A China está realizando exercícios nas rotas marítimas e aéreas mais movimentadas, e isso é um “comportamento ilegítimo e irresponsável”, disse o Partido Democrático Progressista, que governa Taiwan.

O porta-voz do gabinete taiwanês também condenou as manobras militares e informou que os sites dos ministérios da Defesa e das Relações Exteriores, bem como do gabinete presidencial, foram atacados por hackers.

 
Taiwan e China

Com 23 milhões de habitantes, Taiwan é uma ilha autogovernada, com um regime democrático e politicamente próximo de países do Ocidente, e uma importante produtora de chips eletrônicos.

Na prática, ambos são territórios separados desde 1949, mas a China considera a ilha parte de seu território e rejeita contatos oficiais entre seus parceiros diplomáticos e o governo em Taipei.

A invasão da Ucrânia pela Rússia elevou os temores de que Pequim pudesse anexar a ilha democrática à força. As tensões em relação a Taiwan nunca estiveram tão altas desde 1990.

O presidente chinês, Xi Jinping, considera a “reunificação” com Taiwan um objetivo fundamental, e não descartou o possível uso da força para alcançar isso. Já Taiwan rejeita as reivindicações de soberania da China e diz que somente seu povo pode decidir o futuro da ilha.

Washington segue uma política de “uma só China” e reconhece diplomaticamente apenas Pequim, e não Taipei, o que significa que Taiwan não tem uma relação diplomática oficial com os Estados Unidos. No entanto, os EUA fornecem apoio político e militar considerável a Taiwan.

A China exige que os países escolham entre manter relações formais com Pequim ou com Taipei. Apenas 14 países mantêm relações diplomáticas oficiais com Taiwan. (Com agências internacionais)


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