Após chamar os signatários da “Carta pela Democracia” de “cara de pau” e “sem caráter”, o presidente Jair Bolsonaro reuniu-se nesta segunda-feira (8) com representantes do mercado financeiro durante almoço organizado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em São Paulo.
No evento, o chefe do Executivo atacou o PT, partido do ex-presidente Lula e seu principal adversário na corrida presidencial, e disse que os banqueiros não deveriam ter assinado “cartinha, em referência à “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado democrático de direito!”, organizada por renomados juristas e que já conta com mais de 800 mil adesões.
“Alguém recontrataria empregado que roubou sua empresa no passado? Acho que não”, afirmou o presidente em referência a Lula, que lidera as pesquisas de intenção de voto. “Alguns acham que o canalha que estava preso vai voltar para não continuar o que estava fazendo”, acrescentou.
Na tentativa de amainar a desgastada relação com o setor financeiro, Bolsonaro afirmou que os banqueiros precisam julgá-lo pelas suas ações. “Vocês têm que olhar na minha cara, ver minhas ações e me julgar por aí. Não assinar cartinha, não vai assinar cartinha”, afirmou o presidente. “Quem quer ser democrata não tem que assinar cartinha, não”, reforçou.
Bolsonaro disse que jamais agiu contra a democracia. “Mandei prender deputado?”, questionou, em nova crítica ao Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a prisão ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) por ataques à democracia. O parlamentar foi agraciado com perdão presidencial. “Onde está a ditadura? Está no Executivo?”, completou.
“Me chamem de qualquer coisa, até de incompetente. Agora, tenho caráter. Minha vida é vasculhada 24 horas por dia e não se acha nada”, disse o presidente.
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Jair Bolsonaro é um golpista conhecido que acabou refém do Centrão, o que há de pior na política brasileira. Diante do criminoso orçamento secreto, maior escândalo de corrupção da história do País, Bolsonaro não tem moral para criticar qualquer pessoa que tenha se envolvido em crimes correlatos.
Ultrapassa as fronteiras da ousadia o presidente falar que “tem caráter” depois de ter nomeado funcionários fantasmas e ter abocanhado parte dos salários de servidores de gabinete, esquema conhecido como “rachadinhas” e que engordou o cofre do seu filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). O alegado bom caráter de Bolsonaro é tamanho, que o presidente usou a conta da primeira-dama para receber dinheiro depositado por Fabrício Queiroz, o operador das “rachadinhas” na Alerj.
Participaram do evento da Febraban o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, assim como os CEOs Milton Maluhy (Itaú Unibanco), Roberto Sallouti (BTG Pactual), Mário Leão (Santander Brasil) e Marcelo Marangon (Citibank), entre outros.
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