Com o sonho de chegar ao Senado se transformando em pesadelo, Sérgio Moro agora apela ao ridículo

 
Beira o inacreditável alguém que desrespeita a lei de forma flagrante, fato admitido oficialmente, sonhar com uma vaga no Legislativo federal. Referimo-nos ao ex-juiz Sérgio Moro, que em nome de um projeto de poder desacreditou a Operação Lava-Jato, abandonou a magistratura para ser ministro da Justiça de Bolsonaro e, após deixar o governo, tornou-se sócio da consultoria internacional responsável pela recuperação judicial da empreiteira Odebrecht, que ele próprio condenou como titular da 13ª Vara Criminal federal de Curitiba.

De olho na carreira política, Moro decidiu concorrer à Presidência da República pelo Podemos, legenda à qual se filiou com o empenho e o endosso do senador paranaense Alvaro Dias. Estreante no universo político, Sérgio Moro se deixou levar pelas promessas do presidente do União Brasil, migrando para o partido resultante da fusão do PSL com o Democratas.

Devidamente filiado ao União Brasil, o ex-juiz da Lava-Jato não demorou a perceber que disputar a Presidência da República seria uma tarefa impossível na nova legenda. Diante desse revés, transferiu o domicílio eleitoral para São Paulo e, mais uma vez desrespeitando a legislação, foi barrado pela Justiça Eleitoral. Até então, Moro havia se conformado em concorrer à Câmara dos Deputados, até porque falou mais alto a necessidade de conquistar o chamado foro privilegiado.

Com a impugnação da transferência do domicílio eleitoral, Sérgio Moro se viu obrigado a concorrer pelo Paraná, seu estado natal. Na terra dos pinheirais, Moro traiu a confiança do senador Alvaro Dias (Podemos) e decidiu concorrer ao Senado, contra aquele que o apadrinhou no momento da filiação ao Podemos.

Considerando-se os equívocos e tropeços, Moro teve até o momento vida curta e conturbada no terreno político. Isso porque diante da possibilidade concreta de ser derrotado nas urnas, o ex-juiz passou a acenar na direção do presidente Jair Bolsonaro, por ele demonizado na esteira de uma tentativa de interferência na Polícia Federal por parte do chefe do Executivo. O aceno de Moro a Bolsonaro teve como justificativa o fato de que ambos têm um adversário (talvez seja inimigo) comum: Luiz Inácio Lula da Silva.

 
A situação política de Sérgio Moro é tão degradante, que lhe restou o papel menor de ser uma espécie de suposto detector de mentiras nas sabatinas e debates que têm Lula como participante. Para quem se apresentou ao País como a versão tropical de Don Quixote, Moro é a fulanização da farsa.

Quando o ex-presidente Lula foi sabatinado pelos âncoras do Jornal Nacional, da TV Globo, Moro foi às redes sociais para afirmar que esperava perguntas firmes sobre “Mensalão, Petrolão, triplex e Atibaia”. “Se precisarem de ajuda, sou voluntário. Tenho experiência”, escreveu.

Sérgio Moro é hipócrita, pois ele próprio reconheceu ao condenar Lula à prisão que o caso do apartamento no Guarujá não tinha qualquer relação com o escândalo que atingiu os cofres da Petrobras. Aliás, ressaltamos mais uma vez, no caso do triplex o petista foi condenado com base em indícios absolutamente frágeis, uma vez que Marisa Letícia Lula da Silva era detentora de uma quota no empreendimento imobiliário iniciado pela Bancoop e concluído pela empreiteira OAS.

O ex-ministro da Justiça deve ter ouvido na faculdade de Direito que uma condenação só é possível com base em provas. Além disso, todo cidadão tem garantido pela Constituição direito à ampla defesa e ao devido processo legal.

Oportunista da pior estirpe, Sérgio Moro voltou à carga contra Lula nesta quinta-feira (29), dia em que os presidenciáveis participarão de debate organizado pela TV Globo. Mais uma vez o ex-juiz usou as redes sociais para, em tom de ironia, se colocar à disposição para atuar como “detector de mentiras”. “A cada mentira do Lula, estarei aqui pra trazer a verdade. Tenho experiência”, escreveu Moro.

Sérgio Moro é um franco atirador que tenta a todo custo convencer o eleitorado de que estando no Senado poderá fazer muito pelo País e pelo Paraná. Para desespero de Moro, pesquisas de opinião mostram que o senador Alvaro Dias lidera a corrida ao Senado. Tudo o que a política brasileira menos precisa no momento de crise e descrédito é de incoerentes.


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