Ministro da Justiça determina à PF que aja como guarda pretoriana e investigue institutos de pesquisa

 
Como afirmou o UCHO.INFO em matéria anterior, a polêmica criada a partir dos resultados das pesquisas eleitorais foi criada para o presidente Jair Bolsonaro e seus adjacentes para respaldar uma nova narrativa golpista, que tem a vitimização como pano de fundo. Como o discurso contra o sistema eleitoral e as urnas eletrônicas se desmanchou na esteira de uma votação tranquila e transparente, ameaçar os institutos de pesquisa é a ordem do dia.

Por determinação do Palácio do Planalto, o ministro da Justiça, Anderson Torres, informou nesta terça-feira (4) que solicitou à Polícia Federal a abertura de inquérito para investigar os institutos de pesquisa, mais precisamente Datafolha e o Ipec.

Torres disse que o Ministério da Justiça ter recebido representação que acusa “alguns institutos” de “condutas que, em tese, caracterizariam a prática de crimes”. Os nomes desses institutos não foram divulgados.

Após o resultado do primeiro turno das eleições, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que “venceu a mentira” e que o resultado “desmoralizou” os institutos que fazem pesquisa de intenção de voto. Candidato à reeleição, Bolsonaro recebeu 43,2% dos votos válidos e disputará o segundo turno contra o ex-presidente Lula (PT). Os últimos resultados divulgados antes da votação previam que Bolsonaro receberia com 36% ou 37% dos votos válidos.

 
É importante ressaltar que as pesquisas eleitorais são de intenção de voto, ou seja, retratam um momento específico. Ademais, apontam margem de erro e divulgam índice de confiabilidade, na maioria das vezes de 95%. Tomando por base que os levantamentos feitos pelos institutos focam a intenção de voto, este pode mudar até o momento da votação com base em múltiplos fatores.

Entre os fatores a serem considerados merece destaque a possibilidade de determinado candidato não vingar, fazendo com que o eleitor busque uma alternativa. Outro fator, relacionado com o primeiro, é o voto em outro candidato como forma de conter um concorrente que não se encaixa nas expectativas do eleitor.

O novo roteiro elaborado pelo bolsonarismo busca criar um cenário que, em caso de derrota do presidente da República, permita movimentos radicais por parte de Bolsonaro, como por exemplo, um golpe ou uma investida contra o Congresso Nacional, repetindo o que ocorreu no Capitólio, nos Estados Unidos, por ocasião do fracasso de Donald Trump nas urnas americanas.

O ministro da Justiça, ao acatar as ordens do presidente da República, tenta transformar a Polícia Federal em versão tropical da guarda pretoriana que defendia e atendia aos interesses do imperador romano Caio Júlio César Otaviano Augusto.

O Brasil só chegou a esse cenário de pantomima político-eleitoral porque a extensa maioria da imprensa tenta se desvincular das divergências entre os dados das pesquisas e os resultados das urnas. Isso porque muitos jornalistas usaram as pesquisas eleitorais como âncora para muitas reportagens, quando na verdade deveriam ter focado no perigo que Bolsonaro representa à democracia.


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