Após anúncio não confirmado sobre apoio a Bolsonaro, Temer diz estar com quem defende a democracia

 
A polêmica envolvendo pesquisas eleitorais e os resultados do primeiro turno da eleição presidencial movimentou o noticiário nos últimos dias. Profissionais da imprensa tentaram se descolar da polêmica, transferindo aos institutos de pesquisa a responsabilidade pela divergência dos números, como afirmamos em matéria anterior.

No campo do jornalismo o corporativismo fala alto na maior parte do tempo, mas quando preciso a autofagia entra em cena sem qualquer cerimônia. Já fomos alvo dessa virulência torpe, mas não nos furtamos de apontar erros. A grande questão é que nos bastidores os veículos de comunicação se engalfinham por “furos de reportagem”, como se uma análise balizada sobre o cenário político fosse menos importante.

Não era necessária nenhuma dose extra de raciocínio para perceber que as pesquisas trazem um dado relevante e de suma importância quando entre os candidatos há um que está no poder: o índice de rejeição ou desaprovação do governo. Associado a esse dado há o chamado “voto útil” ou migração de voto, que normalmente acontece horas antes do processo de votação.

Com a divulgação da primeira pesquisa eleitoral (Ipec) focada na disputa pela Presidência da República, jornalistas foram mais cautelosos nas análises. Mesmo assim, um universo paralelo da informação privilegiada surgiu para ocupar o espaço deixado pelas interpretações das pesquisas sobre intenção de voto.

Na quarta-feira (5), veículos de comunicação noticiaram que o ex-presidente Michel Temer havia declarado a poio a Bolsonaro. Alguns profissionais de imprensa chegaram a afirmar que haviam conversado com fontes próximas a Temer e que a informação foi confirmada. Horas depois, o próprio Temer, que está em viagem internacional, afirmou por sua assessoria que não havia declarado apoio a Bolsonaro.

 
Antes da manifestação de Temer, jornalistas não perderam tempo e começaram a analisar a suposta decisão do ex-presidente da República. Entre o desejo de Temer e a afirmação de que ele havia decidido por Bolsonaro há uma enorme distância.

No momento em que o suposto apoio surgiu no noticiário, o editor do UCHO.INFO estava com pessoa muito próxima a Temer, que foi célere em negar a informação. Nosso interlocutor afirmou que o ex-presidente pode ter votado em Bolsonaro no primeiro turno, mas que uma declaração de apoio dependeria de conversa com lideranças emedebistas.

Ademais, foi ao editor que o fato de Lula ter usado o termo “golpista” para se referir a Temer não caiu bem. Não obstante, o editor argumentou que seria incoerência um constitucionalista e professor de Direito Constitucional declarar apoio a um candidato que faz seguidas ameaças à democracia, ignora o Estado de Direito e desafia constantemente o Judiciário, em especial o Supremo Tribunal Federal (STF).

Pressionado por caciques emedebistas e por familiares, Michel Temer preferiu anunciar seu apoio será dado ao candidato que defender a democracia. Além disso, caso os dados das pesquisas sobre intenção de voto se confirmarem nas urnas, o que não é impossível, o MDB pleiteará cargos em eventual governo do petista Lula.

Sabem os leitores e as leitoras que o UCHO.INFO não faz jornalismo de encomenda, assim como não tem político de estimação, mas entre um furo de reportagem sem a devida checagem dos fatos e uma análise balizada e coerente, ficamos com a segunda opção.


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