A mando de Bolsonaro, presidente da Câmara e líder do governo querem criminalizar institutos de pesquisa

 
Como afirmamos em matéria anterior, o presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, reduziu de forma substancial os ataques às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral brasileiro – não significa que tenha abandonado a retórica – para centrar esforços no discurso contra os institutos de pesquisa de opinião, que entraram no radar golpista porque os índices de intenção de voto divulgados não corresponderam aos resultados votação.

Parlamentares da base aliada ao governo – na verdade é um bloco parlamentar de aluguel – se movimentam no Congresso Nacional com o intuito de criar uma CPI para investigar os institutos de pesquisa, como se a opinião do eleitor não fosse passível de mudança. Há também quem queira propor uma lei criminalizando os erros dos institutos de pesquisa.

Presidente da Câmara dos Deputados e um dos próceres do Centrão, o que há de pior na política nacional, Arthur Lira (PP-AL) disse nesta quinta-feira (6), após encontro com Bolsonaro, que colocará em votação na próxima semana um projeto de lei que tratada da divulgação e dos prazos de pesquisas eleitorais. O parlamentar alagoano que a instalação de uma CPI sobre os institutos deve ocorrer assim que as assinaturas forem colhidas e o objeto da investigação, analisado.

De acordo com Lira, o texto a ser levado a votação deve reunir vários projetos. “Uns tratam de organização, de prevenção, outros tratam de prazos para que as pesquisas deixem de ser divulgadas antes das eleições. Então tudo isso vai ser juntado, principalmente com responsabilização civil, penal”, afirmou.

Depois de reunir-se com o chefe do Executivo, o presidente da Câmara criticou os institutos de pesquisa, chamados de empresas de pesquisa, “porque todas elas recebem dinheiro” para fazer os levantamentos. Lira precisa explicar à população se apenas os institutos que divulgaram resultados desfavoráveis a Bolsonaro serão alvo dessa truculência totalitarista. Afinal, alguns institutos divulgaram pesquisas em que Bolsonaro aparecia na liderança da corrida presidencial. E receberam para isso.

 
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Em outra ponta da investida típica de ditaduras, o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo Bolsonaro e igualmente cacique do Centrão, apresentou nesta quinta-feira um projeto de lei que criminaliza institutos de pesquisas eleitorais e seus contratantes quando os dados dos levantamentos não corresponderem aos resultados das urnas.

O líder do governo Bolsonaro não disponibilizou no projeto de lei os critérios para acusar os responsáveis por pesquisas supostamente manipuladas. O deputado paranaense alega que seu projeto pretende obrigar os institutos de pesquisa a provarem a não intenção de apresentar um cenário favorável a determinado candidato.

“Ele [o responsável pela pesquisa] que vai ter que provar que não manipulou”, disse Barros, em coletiva de imprensa na Câmara. “Para ele sair do ‘doloso’ [quando há intenção] para redução do ‘culposo’ [sem intenção], ele vai ter que provar que não errou. Se ele errar na pesquisa, já incorreu no crime”, completou.

Ricardo Barros é um oportunista conhecido que não se avexa em agir com nauseante sabujice para atender o governante da vez, desde que contrapartidas se façam presentes. Para quem não se recorda, Barros estava à frente do Ministério da Saúde quando, divulgado com exclusividade pelo UCHO.INFO, veio à tona o escândalo da compra do medicamento “l-asparaginase”, usado no tratamento de crianças com leucemia linfoblástica aguda (LLA). Barros também teve o nome citado no escândalo da compra de vacinas indianas contra Covid-19.


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