Sabujo, André Mendonça rejeita pedido de investigação de Bolsonaro no caso das meninas venezuelanas

 
Na reta final do segundo turno da eleição presidencial, os brasileiros precisam ir às urnas compromissados com o futuro do País. Os acontecimentos dos últimos dias representam uma amostra grátis do que poderá acontecer caso o presidente Jair Bolsonaro seja reeleito.

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Há pouco mais de duas semanas, Bolsonaro, em entrevista a um podcast, disse que, em 2021, “pintou um clima” durante visita a um grupo de meninas venezuelanas no Distrito Federal. Na ocasião, ele associou as adolescentes à exploração sexual: “Tinha umas 15, 20 meninas, sábado de manhã, se arrumando, todas venezuelanas. Eu pergunto: meninas bonitinhas, 14, 15 anos, se arrumando no sábado para quê? Ganhar a vida.”

Que Bolsonaro é movido pela delinquência intelectual todo brasileiro dotado de bom-senso sabe, mas é inaceitável que um chefe de Estado se manifeste com uma fala pedófila e preconceituosa. Em qualquer país minimamente responsável e cumpridor das leis, o presidente já estaria afastado do cargo.

Por razões óbvias, autoridades e juristas recorreram ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que Bolsonaro fosse investigado. O que deveria seguir o caminho da lei acabou barrado pelo ministro André Mendonça, o “terrivelmente evangélico” escolhido pelo presidente da República para, ocupando uma cadeira na Corte, ser sua “longa manus” no Judiciário.

Em despacho desta terça-feira (25), Mendonça negou os pedidos alegando não haver elementos suficientes para justificar a abertura de uma investigação.

“Mais uma vez, observo que o Poder Judiciário não pode ser instrumentalizado pelas disputas político-partidárias ou mesmo ideológicas, dando revestimento jurídico-processual ao que é puramente especulativo e destituído de bases mínimas de elementos aptos a configurar a necessária justa causa para a persecução penal”, afirmou o ministro em sua decisão.

 
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Mendonça alegou não ver elementos de crimes na conduta de Bolsonaro. O ministro analisou individualmente os crimes imputados a Bolsonaro e descartou que estejam configurados no caso. Entres os crimes analisados está o de prevaricação, quando um agente público toma conhecimento de supostas irregularidades e não comunica o fato às autoridades.

“A despeito das especulações levantadas na maioria das representações, não há quaisquer elementos minimamente concretos, ou mesmo lógicos, a indicar na fala presidencial que algum ato de ofício tenha sido retardado ou deixado de ser praticado, sobretudo porque se exige, conforme basilar lição doutrinária, a demonstração do dolo específico do funcionário público”, explicou Mendonça.

Somente alguém que chafurda na vala da sabujice é capaz de não identificar crimes em declaração tão abjeta. A decisão de André Mendonça antecipa o que poderá acontecer com o Brasil a partir da eventual reeleição de Jair Bolsonaro.

Assédio na Caixa

Como se não bastasse tal comportamento, Bolsonaro declarou há dias, também em entrevista, que no escopo do escândalo envolvendo o ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, não houve qualquer caso de assédio sexual ou moral praticado por diretores do banco público.

“Agora, não vi nenhum depoimento mais contundente de qualquer mulher. Vi depoimentos de mulheres que sugeriam que isso poderia ter acontecido. Está sendo investigado também”, afirmou o presidente.

As denúncias feitas pelas vítimas de Pedro Guimarães, conhecido no mercado financeiro como “Pedro Louco”, são incontestáveis, mas Bolsonaro, um misógino conhecido, ousa negar os casos de assédio. O Palácio do Planalto foi informado no início de 2021 sobre o criminoso comportamento do então presidente da Caixa, mas o governo golpista, que diz defender a família e os valores cristãos, dá guarida a um criminoso.


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