Lula terá de administrar queda de braços entre o Centrão de Arthur Lira e o MDB de Renan Calheiros

 
Reza a sabedoria popular que “gato escaldado tem medo de água fria”. Esse pensamento serve também para a política, onde “precaução e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém”. Focado na aprovação da PEC da Transição, que deixa fora do teto de gastos os recursos destinados aos programas Bolsa Família e Farmácia Popular e à merenda escolar, o presidente eleito Luiz Inácio da Lula da Silva acertou com Arthur Lira (PP-AL) que o PT não terá candidato à presidência da Câmara dos Deputados.

Candidato à reeleição, Lira tem nas mãos algo que pode convencer os parlamentares sobre a necessidade de aprovar a citada PEC: verbas do criminoso orçamento secreto. Aprovada a proposta, Lula começará o novo governo com ao menos três promessas de campanha, sendo o principal deles a manutenção do valor do Bolsa Família em R$ 600.

A grande questão é que o PT aprendeu, da pior maneira, que contrariar os interesses de quem está na presidência da Câmara. A experiência amarga se deu quando Eduardo Cunha estava no comando da Câmara dos Deputados e, desdenhado pelo Palácio do Planalto, acelerou o processo de impeachment que apeou Dilma Roussef do cargo. Antes disso, o PT lançou a candidatura de Arlindo Chinaglia à presidência da Câmara, em claro sinal de desafio a Cunha.

 
Quando Eduardo Cunha assumiu a liderança do MDB na Câmara, o UCHO.INFO afirmou que Dilma Rousseff experimentaria os piores momentos no campo político. Frio e calculista, Cunha arregimentou uma quase legião de deputados, muitos dos quais tiveram campanhas eleitorais financiadas pelo emedebista, e colocou o PT à beira do precipício. Meses mais tarde, o próprio Eduardo Cunha teve o mandato cassado por envolvimento no escândalo do Petrolão.

Lula foi eleito sem o apoio explícito de Arthur Lira e seus correligionários, que aderiram à campanha de Jair Bolsonaro. Por outro lado, Lula foi eleito com o apoio da parcela do MDB liderada pelo senador Renan Calheiros (AL), que agora tenta formar com o União Brasil uma frente para barrar a reeleição de Lira.

O enxadrismo político que se apresenta será um dos primeiros grandes desafios de Lula em sua terceira passagem pelo Palácio do Planalto. Aparar arestas para evitar crispações não será tarefa fácil e exigirá do presidente eleito o máximo da sua conhecida habilidade política. Mesmo assim, a missão é hercúlea, pois envolve não apenas briga pelo poder, mas abocanhar volume maior do orçamento secreto.

Durante a campanha presidencial, Lula disse, durante evento, “a gente vai ter que dar um jeito no Centrão, a gente vai ter que mexer no orçamento secreto”. Para a infelicidade de muitos que acreditaram nas palavras do petista, a política brasileira está dominada pelo que há de pior. Caso queira governar de fato, Lula terá de conviver politicamente com o Centrão e suas “aves de rapina”, pois do contrário a síndrome “Eduardo Cunha” voltará a rondar o Palácio do Planalto.


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