Morte de Glória Maria deixa enorme vazio no telejornalismo e legado de profissionalismo e superação

 
Espontânea, sempre pronta para novos desafios, obcecada por fazer o melhor, sempre do seu jeito. Dona de um olhar resplandecente e de sorriso contagiante. Assim era a jornalista Glória Maria, que morreu na manhã desta quinta-feira (2), no Rio de Janeiro, em consequência de um tumor cerebral.

A informação foi confirmada pela TV Globo em nota enviada à imprensa. Segundo a emissora, o tratamento que Glória fazia para combater as metástases que existiam em seu cérebro deixaram de fazer efeito nos últimos dias.

Após vencer um tumor no cérebro em 2019, Glória Maria voltou a enfrentar o câncer no final do ano passado. Em dezembro, a TV Globo informou que a jornalista estava afastada da para tratar da saúde, acrescentando que isso fazia parte do tratamento.

Glória Maria começou a trabalhar na Globo em 1970, como estagiária, e foi galgando postos de maneira meteórica, mas mesma proporção que encantava os telespectadores com seu jeito ímpar de fazer jornalismo.

Sua primeira reportagem foi em 1971, quando cobriu a queda do viaduto Paulo de Frontin, no Rio de Janeiro. Naquele momento surgia na televisão brasileira uma profissional que rompeu paradigmas. Primeira pessoa negra a conquistar espaço diante das câmeras no telejornalismo brasileiro, Glória Maria foi a primeira profissional a entrar ao vivo no Jornal Nacional em cores, em 1977.

 
Glória comandou o Fantástico entre 1998 e 2007. Anos depois, assumiu o comando do Globo Repórter. Foi âncora do RJ TV, Bom Dia Rio e Jornal Hoje. Como repórter, visitou mais de cem países, levando aos telespectadores as particularidades de cada um. Cobriu a Guerra das Malvinas, em 1982, e a invasão na embaixada brasileira no Peru por um grupo de terroristas, os Jogos Olímpicos de Atlanta e a Copa do Mundo na França em 1998.

Entrevistou celebridades como Michael Jackson, Leonado Di Caprio, Madonna, Harrison Ford e Nicole Kidman, além de ter viajado com Paulo Coelho pela ferrovia transiberiana até Moscou.

Nascida em Vila Isabel, na Zona Norte carioca, Glória Maria Matta da Silva era filha do alfaiate Cosme Braga da Silva e da dona de casa Edna Alves Matta. Formou-se em jornalismo na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e entrou na TV Globo como rádio-escuta .

Em nota, a Globo lamentou a morte da jornalista. “Glória marcou a sua carreira como uma das mais talentosas profissionais do jornalismo brasileiro, deixando um legado de realizações, exemplos e pioneirismos para a Globo e seus profissionais”, destaca o documento.

Glória Maria deixa um legado inimaginável aos que pretendem ingressar no jornalismo ou que já estão na profissão, pois exercia o ofício com entusiasmo constante e curiosidade permanente, mas a todas as mulheres negras que creem ser possível superar as barreiras impostas por uma sociedade racista e cruel. Descanse em paz, Glória!


Se você chegou até aqui é porque tem interesse em jornalismo profissional, responsável e independente. Assim é o jornalismo do UCHO.INFO, que nos últimos 20 anos teve participação importante em momentos decisivos do País. Não temos preferência política ou partidária, apenas um compromisso inviolável com a ética e a verdade dos fatos. Nossas análises políticas, que compõem as matérias jornalísticas, são balizadas e certeiras. Isso é fruto da experiência de décadas do nosso editor em jornalismo político e investigativo. Além disso, nosso time de articulistas é de primeiríssima qualidade. Para seguir adiante e continuar defendendo a democracia, os direitos do cidadão e ajudando o Brasil a mudar, o UCHO.INFO precisa da sua contribuição mensal. Desse modo conseguiremos manter a independência e melhorar cada vez mais a qualidade de um jornalismo que conquistou a confiança e o respeito de muitos. Clique e contribua agora através do PayPal. É rápido e seguro! Nós, do UCHO.INFO, agradecemos por seu apoio.