Reeleição de Lira representa a derrota da democracia e a permanência do Centrão no comando da política

 
Com maioria esmagadora, o deputado federal Arthur Lira (PP-AL) foi reeleito para a presidência da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (1), após a cerimônia de posse dos 513 eleitos em 2022.

Apoiado tanto pelo PT de Lula quanto pelo PL de Bolsonaro, Lira teve 464 votos e ficará no comando da Casa legislativa por mais dois anos. Ele obteve a maior votação absoluta de um candidato à presidência da Câmara, considerados os registros dos últimos 50 anos.

Lira contou com apoio de 20 partidos: PCdoB, PV, União Brasil, PP, MDB, PSD, Republicanos, PSDB, Cidadania, Podemos, PSC, PDT, PSB, Avante, Solidariedade, Pros, Patriota e PTB – além de PT e PL.

Essa ampla maioria foi conseguida às custas da concessão de inúmeras benesses aos deputados, ou seja, mais uma farra som o suado dinheiro do contribuinte.

O deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ), lançado pela Federação PSOL-Rede, obteve 21 votos, enquanto o deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS) teve 19 votos. Houve cinco votos em branco.

Em seu discurso de agradecimento, Arthur Lira afirmou que não há mais espaço no Brasil para aqueles que atentam contra os Poderes que simbolizam a democracia.

“Esta Casa não acolherá, defenderá ou referendará nenhum ato, discurso ou manifestação que atente contra a democracia. Quem assim atuar terá a repulsa deste Parlamento, a rejeição do povo brasileiro e os rigores da lei. Para aqueles que depredaram, vandalizaram e envergonharam o povo brasileiro haverá o rigor da lei”, afirmou, referindo-se aos atos golpistas de 8 de janeiro.

 
Antes do início do processo de votação, o parlamentar afirmou que, caso fosse reeleito, a relação com o governo Lula seria de independência e citou como desafio a aprovação da reforma tributária.

“Se eleito, quero estabelecer com o Poder Executivo não uma relação de subordinação, mas um pacto para aprimorar e avançar nas políticas públicas, a partir da escuta cuidadosa de opiniões e sugestões de nossas comissões”, disse.

Ele afirmou que continuará à disposição de todos os parlamentares sem intermediários e reafirmou o compromisso com a liberdade de expressão desde que não represente ameaça à democracia.

“Podemos ter adversários, mas não somos inimigos uns dos outros. Essa vai ser a tônica da Câmara nos próximos anos”, disse antes da votação.

A reeleição de Arthur Lira representa muito mais do que a vitória de um parlamentar, mas o triunfo do que há de pior na política nacional, o chamado “Centrão”, bloco informal de partidos políticos que alugam apoio ao governo federal em troca de cargos, verbas e outras benesses.

A fale de Lira sobre relação de independência com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é retórica embusteira e desgastada, pois o mesmo discurso foi usado por ocasião do início da desastrada gestão de Jair Bolsonaro, que continua refugiado nos Estados Unidos.

Com o acúmulo de desacertos de Bolsonaro e suas constantes ameaças à democracia, o “Centrão” viu nesse comportamento irresponsável em termos políticos uma oportunidade para faturar aos bolhões. O orçamento secreto foi o ápice do escárnio, considerado ilegal pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Sem as verbas bilionárias do orçamento secreto, o grupo liderado por Lira e pelo senador Ciro Nogueira não demorará muito para acionar a alavanca do proxenetismo político, ignorando as mazelas enfrentadas pela extensa maioria da população. Lira foi reeleito, venceu a impunidade.


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