O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não pode se deixar levar pelo radicalismo de algumas decisões de integrantes do seu partido o PT, que, tudo indica, creem ser possível mudar a realidade do País com “canetadas”.
Como afirmamos em matéria anterior, a taxa básica de juro, a Selic, fixada atualmente em 13,75% ao ano, representa um enorme entrave à retomada da economia e impede o cumprimento de muitas das promessas de campanha de Lula.
As críticas do presidente da República à Selic e ao Banco Central servem para justificar antecipadamente um eventual fracasso da política econômica do governo, assim como a não implementação de programas sociais nos moldes anunciados.
Em 20 de janeiro de 2021, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a Selic em 2,00% ao ano, taxa que prevaleceu desde agosto de 2020. Com o advento da pandemia do novo coronavírus e da guerra na Ucrânia, a taxa básica de juro entrou em rota da alta, inviabilizando investimentos por parte do governo, uma vez que a rolagem da dívida federal e a emissão de novos títulos do Tesouro Nacional ficaram mais caras.
Ao manter a Selic em 13,75% ao ano, o BC impossibilita o consumo, uma vez que o crédito torna-se proibitivo, e privilegia aqueles que apostam suas reservas no chamado “rentismo”. Em matéria anterior mencionamos a situação das grandes varejistas brasileiras, tirante a Americanas, que buscam alongar dívidas como forma de evitar o pior.
Matérias relacionadas
. Ao manter a Selic em 13,75%, Copom reforça o danoso efeito fiscal das PECs Kamikaze e dos Combustíveis
. Críticas de Lula à taxa de juro e ao BC têm objetivo definido e podem justificar eventual fracasso da economia
. Com grandes empresas buscando alongamento de dívidas, críticas de Lula à taxa de juro ganham força
O papel do BC, na condição de autoridade monetária, é conter a inflação, sendo que a elevação da taxa de juro é a ferramenta mais utilizada para esse fim. A questão é que a momentânea inflação brasileira não é reflexo do consumo, mas de fatores externos, das incertezas que pairam sobre a responsabilidade fiscal do governo e o estouro do teto de gastos, aviltado no governo anterior por interesses eleitoreiros.
Em entrevista ao programa “Canal Livre”, da Band, levado ao ar no domingo (12), o economista André Lara Resende repetiu o nosso entendimento a respeito das críticas do presidente da República à taxa de juro.
“A economia brasileira precisa ser desaquecida neste nível? Com a taxa de juros real mais cara do mundo hoje? Claramente não”, disse Resende. “O fato é que tivemos uma quebra no varejo, no caso da Americanas e outras áreas deste setor enfrentam problemas, o que fez os bancos retraírem drasticamente o crédito. Quando temos uma contração como essa no crédito, se agrava o processo de desaquecimento da economia e embica numa recessão que pode ser muito séria”, emendou.
Aos entrevistadores da Band, o economista lembrou que cabe ao Banco Central controlar a inflação, promover a estabilidade do sistema financeiro e garantir o mais próximo possível do pleno emprego. “Obviamente que essa taxa de juros de 13,75%, 8% real, é incompatível com esses objetivos. Ela está errada.”
Não será com críticas do presidente Lula e resolução do PT com acusações à autoridade monetária que o Brasil sairá do atoleiro da crise econômica. É preciso diálogo e sensibilidade para que alcancemos um cenário favorável a todos os cidadãos, em especial aos mais necessitados.
Se você chegou até aqui é porque tem interesse em jornalismo profissional, responsável e independente. Assim é o jornalismo do UCHO.INFO, que nos últimos 20 anos teve participação importante em momentos decisivos do País. Não temos preferência política ou partidária, apenas um compromisso inviolável com a ética e a verdade dos fatos. Nossas análises políticas, que compõem as matérias jornalísticas, são balizadas e certeiras. Isso é fruto da experiência de décadas do nosso editor em jornalismo político e investigativo. Além disso, nosso time de articulistas é de primeiríssima qualidade. Para seguir adiante e continuar defendendo a democracia, os direitos do cidadão e ajudando o Brasil a mudar, o UCHO.INFO precisa da sua contribuição mensal. Desse modo conseguiremos manter a independência e melhorar cada vez mais a qualidade de um jornalismo que conquistou a confiança e o respeito de muitos. Clique e contribua agora através do PayPal. É rápido e seguro! Nós, do UCHO.INFO, agradecemos por seu apoio.