A situação de Jair Bolsonaro na seara da Justiça não é das melhores. As muitas investigações em curso apontam para momentos de dificuldade para o ex-presidente, que no momento tenta escapar da responsabilidade no âmbito da tentativa de golpe e da falsificação dos certificados de vacinação contra Covid-19.
A prisão do tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid (na foto, o primeiro à direita), então ajudante de ordem de Bolsonaro, por envolvimento na fraude dos cartões de vacinação promete novos e interessantes capítulos. Logo após ser preso pela Polícia Federal, Cid fez chegar a Bolsonaro a informação de quem não incriminaria o ex-chefe.
O general da reserva Mauro Cid, pai do ex-ajudante de ordem da Presidência, demonstrou na última semana irritação com Bolsonaro, que abandonou seu filho à própria sorte.
Há dias, Mauro Cid dirigiu-se ao quartel-general do Exército, em Brasília, para reclamar da situação enfrentada pelo filho e principalmente para mandar um recado ao clã Bolsonaro: não aceitará que o tenente-coronel seja deixado à beira do caminho.
A indignação do general Mauro Cid teve o primeiro desdobramento nesta quarta-feira (10). O criminalista Rodrigo Roca deixou a defesa do outrora “faz tudo” de Bolsonaro. Roca é próximo da família do ex-presidente, sobretudo do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). A decisão, segundo o advogado, foi motivada por “razões de foro profissional e impedimentos familiares”.
Os advogados Bernardo Fenelon e Bruno Buonicore assumiram a defesa do coronel Cid, o que confirma o distanciamento em relação a Bolsonaro.
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Em que pese o fato de Rodrigo Roca ter alegado que a decisão de deixar a defesa de Mauro César Barbosa Cid foi motivada por questões profissionais, não se deve descartar a possiblidade de a indignação do pai do coronel ter contribuído para isso.
Advogado do senador Flávio Bolsonaro nos processos sobre a “rachadinha” na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Roca enfureceu a família de Cid ao defender de forma peremptória a inocência de Jair Bolsonaro no caso dos comprovantes de vacinação, em vez de proteger o tenente-coronel.
É prematuro e arriscado afirmar que Mauro Cid poderá fazer deleção premiada, mas não se deve desconsiderar tal hipótese. Afinal, a Justiça Militar já declarou que o caso não é de sua competência, pois trata-se do cometimento de crime comum. E a mudança na defesa sugere que algo deve ocorrer em breve.
Coincidência ou não, há alguns meses o criminalista Rodrigo Roca também deixou a defesa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro e preso por determinação do Supremo em razão de omissão nos atos golpistas de 8 de janeiro.
Tão logo Torres foi preso, o UCHO.INFO afirmou que ser grande a possibilidade de o ex-ministro em algum momento optar pela delação. Não por acaso, aliados de Bolsonaro visitaram Torres na prisão, no último final de semana.
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