O número de pessoas que foram forçadas a se deslocar de suas áreas de residência chegou a 110 milhões até maio de 2023, afirmou nesta quarta-feira (14) a Organização das Nações Unidas (ONU).
De acordo com o relatório “Tendências Globais do Deslocamento Forçado em 2022”, do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur), no final de 2022, o número de pessoas deslocadas pela guerra, perseguição, violência e violação dos direitos humanos atingira um recorde de 108,4 milhões, ou 19,1 milhões a mais do que no ano anterior.
Neste ano, o conflito que eclodiu no Sudão em abril elevou ainda mais o número de refugiados e deslocados, chegando ao total atual de 110 milhões.
A trajetória ascendente do deslocamento forçado a nível global não mostrou sinais de abrandamento neste ano, sublinhou o Acnur, referindo-se em especial a novos fluxos decorrentes do conflito do Sudão.
Do total de 2022, 35,3 milhões são refugiados, ou seja, pessoas que atravessam as fronteiras internacionais para procurar segurança, enquanto 62,5 milhões de pessoas são deslocados dentro dos próprios países devido ao conflito e à violência.
A elas se somam 5,4 milhões de solicitantes de asilo e 5,2 milhões de “pessoas em necessidade de proteção internacional”, uma categoria especial de pessoas que não têm exatamente um status de refugiado, mas estão em situação muito parecida e que agrupa sobretudo venezuelanos que foram para outros países das Américas.
Guerra na Ucrânia
No ano passado, a invasão russa da Ucrânia, bem como outros conflitos e as mudanças climáticas, fizeram com que “mais pessoas do que nunca tenham permanecido longe das suas casas, aumentando a urgência de uma ação coletiva e imediata para aliviar as causas e o impacto do deslocamento”, afirmou a agência da ONU.
A guerra na Ucrânia foi o principal impulsionador do deslocamento forçado em 2022. O número de refugiados oriundos do país aumentou de 27.300, no final de 2021, para 5,7 milhões, no final de 2022, “representando o mais rápido fluxo de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial”, ainda de acordo com o Acnur.
“A retórica de que muitos refugiados fogem para países ricos está muito equivocada: na realidade é o contrário”, afirmou o alto comissário Filipo Grandi. Segundo ele, 76% foram para países de baixa ou média renda, sendo ampla maioria (70%) os que fugiram para países vizinhos ao de origem.
Continente americano
O fluxo de refugiados e pessoas que requerem proteção internacional no continente americano aumentou 17% em 2022 frente ao ano anterior, elevando a cifra total para 6 milhões de pessoas, a maioria delas de origem venezuelana, afirmou o Acnur.
Porém, o considerável aumento do ano passado não se deve a um maior êxodo de venezuelanos, mas à atualização das estimativas de deslocados internos na Colômbia e no Peru, que aumentaram em 611 mil e 178 mil pessoas, respectivamente.
A Colômbia é o país do continente que acolhe o maior número de refugiados ou estrangeiros que necessitam de proteção, com 2,5 milhões de pessoas. Depois vêm Peru (976 mil) e Equador (555 mil), segundo os dados do organismo.
Entre os grupos nacionais com maior número de refugiados ou pessoas que necessitam de proteção estão os venezuelanos, em quarto lugar a nível mundial, com um total de 5,45 milhões de pessoas, atrás de sírios (6,54 milhões), ucranianos (5,67 milhões) e afegãos (5,66 milhões).
A Síria e a Colômbia são os países onde há mais deslocados internos (6,8 milhões e 6,7 milhões, respectivamente). (Com agências internacionais)
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