Envolvidos no caso das joias reagem como punguistas da Praça da Sé: negam os fatos, apesar das provas

 
O comportamento dos envolvidos no escândalo das joias presenteadas ao então presidente Jair Bolsonaro, que pertencem ao patrimônio da União, é típico de criminoso flagrado pelas autoridades. Apesar das muitas provas reunidas na investigação, Bolsonaro afirmou, por meio de nota, “que jamais apropriou-se ou desviou quaisquer bens públicos”.

Como é de conhecimento dos brasileiros de bem, o ex-presidente sempre foi covarde, por isso não se deve esperar um lampejo de coragem e hombridade de alguém que empregou funcionários fantasmas em seus gabinetes.

Michelle Bolsonaro, que se divide entre seu nauseante sorriso “Monalisa” e pregações evangélicas por onde passa, disse há dias que tudo o que foi feito no governo do marido foi pela “misericórdia de Deus, não pelo poder”.

“Exaltamos o nome do nosso Deus e foi Ele que nos ajudou. Se não fosse Ele, nós não estaríamos aqui. Ele escolheu Jair Messias Bolsonaro para uma missão e Ele o capacitou, então tudo que nós fizemos foi pela misericórdia de Deus. Não foi por poder. Quem nos conhece sabe disso”, afirmou a ex-primeira-dama, que até hoje não explicou os valores depositados por Fabrício Queiroz em sua conta bancária.

Envolver o nome de Deus em um escândalo dessa natureza é abusar da inocência dos fundamentalistas religiosos, que continuam sendo ludibriados por alguém que usou e abusou da proximidade com o poder.

Derramar inverdades sobre os evangélicos, seu único objetivo no momento, é um direito de Michelle Bolsonaro, que será indiciada pela Polícia Federal no intrincado caso das joias vendidas ilegalmente.

A Polícia Federal intimará Michelle para depor, mas os investigadores não têm pressa, pois o cipoal de provas é suficiente para indiciá-la. “Com toda certeza vai ser indiciada. Sem dúvida alguma”, disse um policial federal com acesso às investigações.

 
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O tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e que está preso desde 3 de maio por conta de falsificação de comprovantes de vacinação contra Covid-19, permaneceu em silêncio na CPI dos Atos Golpistas, se recusando, inclusive, a revelar a própria idade.

Muito estranhamente, o Exército ainda não se manifestou publicamente a respeito da conduta do ex-ajudante de ordens, que já deveria ter sido expulso da corporação. Isso só não ocorreu porque o pai, Mauro César Lourena Cid, é general da reserva do Exército e ainda mantém alguma boa relação com o Alto Comando da força terrestre.

O próprio Lourena Cid, que no governo Bolsonaro comandou Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) em Miami, cargo que lhe rendia R$ 63 mil mensais, além dos valores recebidos como oficial da reserva, disse, há meses, que o filho era um preso político. Um militar é preso por falsificar documentos públicos, mas o pai protetor classifica a prisão como política.

O general aposentado foi peça fundamental na trama criminosa arquitetada para vender nos Estados Unidos as joias presenteadas a Bolsonaro. Lourena Cid, que antes de ir para a Apex em Miami chefiou o Departamento de Educação do Exército, deveria ser banido do quadro de oficiais reservistas do Exército e perder o direito à pensão. Ele insiste em se manter em obsequioso silêncio.

 
O advogado Frederick Wassef, que escondeu Fabrício Queiroz, o operador das “rachadinhas”, em imóvel de sua propriedade em Atibaia, afirmou em nota que foi acusado falsamente e classificou as informações são “mentiras, contradições e fora do contexto”.

“Fui acusado falsamente de ter um papel central em um suposto esquema de vendas de joias. Isto é calúnia que venho sofrendo e pura mentira. Total armação”, destaca o advogado na nota distribuída à imprensa.

Ao blog da jornalista Andréia Sadi, do portal G1, Wassef declarou: “Nada. Nunca vi esse relógio. Nunca vi joia nenhuma (…) nunca na minha vida. Desafio a provarem isso. Falo e garanto”.

Que a desfaçatez de Wassef não tem limites todos sabem, mas negar os fatos no caso das joias é perda de tempo, não sem antes ser um atentado contra o bom-senso. O advogado foi escalado para ir aos Estados Unidos para recomprar o relógio da marca Rolex vendido ilegalmente em uma loja especializada em joias.

O nome de Frederick Wassef aparece no recibo de recompra do relógio, ou seja, ele participou da operação criminosa, mas mente de forma acintosa na vã tentativa de escapar da responsabilidade. A Polícia Federal classifica o tal recibo de recompra como “prova contundente”. O advogado será chamado para depor e terá de explicar à PF quem deu o dinheiro para a operação de reaquisição do relógio.

“Nunca vendi nenhuma joia, ofereci ou tive posse. Nunca participei de nenhuma tratativa, e nem auxiliei nenhuma venda, nem de forma direta ou indireta. Jamais participei ou ajudei de qualquer forma qualquer pessoa a realizar nenhuma negociação ou venda”, afirmou em nota.

Causa espécie o fato de o Conselho de Ética da Ordem dos advogados do Brasil não ter se pronunciado a respeito do escândalo envolvendo um dos seus filiados. Fosse um advogado sem notoriedade, por certo já estaria com a OAB suspensa.


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