Lula rejeita retratação sobre genocídio na Faixa de Gaza, enquanto isso Israel “esperneia”

 
Os judeus foram vítimas do nazismo, não há como negar. Os armênios foram vítimas do extermínio perpetrado pela Império Otomano e depois pela Turquia, não há como negar. Em ambos os casos ocorreu genocídio, cuja definição é “extermínio deliberado, parcial ou total, de uma comunidade, grupo étnico, racial ou religioso”. O que acontece na Faixa de Gaza não é diferente, é genocídio. As três situações, como tantas outras mudo afora, são passiveis de comparação, gostem ou não os judeus.

Judeus, armênios e palestinos se encaixam perfeitamente na condição de vítimas. É fato. A declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante entrevista na capital da Etiópia, comparando o genocídio patrocinado por Israel na Faixa de Gaza ao Holocausto é correta, mas está sob ataques do governo israelense apenas porque Tel Aviv não aceita vestir a carapuça de algoz, pois precisa manter a condição de vítima, algo absolutamente procedente considerando o que ocorreu no regime nazista.

É largamente conhecido que o capital judeu domina a imprensa ao redor do globo, sem contar os veículos de comunicação que por interesses comerciais minimizam a tentativa criminosa de dizimação do povo palestino. Em suma, nesse cenário o jornalismo independente é mera figura de retórica. Por essas razões publicações favoráveis aos palestinos são evitadas.

Rodeado por políticos ultrarradicais que integram o seu governo, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que usa a matança em Gaza para se manter no cargo, sentiu os efeitos da declaração de Lula e tenta de todas as formas arrancar do presidente brasileiro uma retratação, o que por ora está descartado.

O incômodo vivido por Netanyahu é tamanho, que o governo israelense, além de declarar Lula “persona non grata”, usa o corpo diplomático do país para ataques ao chefe do Executivo brasileiro. O ministro de Relações Exteriores israelense, Israel Katz, usou as redes sociais para afirmar que a declaração do presidente Lula é “promíscua e delirante” e um “cuspe no rosto dos judeus brasileiros”. Pelo nível da declaração é possível perceber o grau do incômodo provocado por Lula.

“Israel embarcou numa guerra defensiva contra os novos nazistas que assassinaram qualquer judeu que viam pela frente. Não importava para eles se eram idosos, bebês, deficientes. Eles assassinaram uma garota em uma cadeira de rodas. Eles sequestraram bebês. Se não tivéssemos um exército, eles teriam assassinado mais dezenas de milhares”, escreveu Katz.


 
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Se há delírio nesse imbróglio, certamente advém do ministro israelense, pois a população palestina não pode ser confundida com os integrantes do Hamas. Melhor seria se Katz tivesse coragem de exibir as imagens do genocídio praticado pelos soldados israelenses na Faixa de Gaza. Não há guerra em Gaza, mas matança indiscriminada.

Como citado acima, o governo de Israel se recusa a vestir a carapuça de algoz. Há diferença inconteste entre combater os integrantes do grupo radical Hamas e dizimar o povo palestino como vem ocorrendo. Desde o início do conflito, em 7 de outubro, até o momento, mais de 30 mil palestinos morreram na Faixa de Gaza em decorrência da matança indiscriminada de Israel. A maioria das vítimas é de crianças (10 mil), mulheres e idosos. Há mais de 68 mil feridos, número que pode disparar com o recrudescimento dos ataques de Israel.

Como se não bastasse, Israel dificulta a entrada de alimentos e medicamentos em Gaza, além de impedir que servidores da Organização das Nações Unidas (ONU) adentrem os hospitais do enclave, onde centenas de pessoas dependem de tratamento de urgência e aguardam avaliação médica.

A investida israelense contra o Brasil ultrapassou as fronteiras e bateu à porta da Confederação Israelita do Brasil (Conib), cujo presidente, Claudio Lottenberg, solicitou reunião com o presidente Lula para tratar do assunto. Lottenberg pretende cobrar do petista um reposicionamento em relação à fala que comparou o genocídio na Faixa de Gaza ao Holocausto. Considerando as recentes manifestações do governo brasileiro, está fora de cogitação qualquer mudança em relação à declaração sobre o que vem ocorrendo o enclave. Em outras palavras, o líder da Conib perderá a viagem a Brasília.

Por falar em delírio, ao menos dois aconteceram nas últimas horas. Fabio Wajngarten, que assessorou Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto durante o pior governo da história nacional e agora se apresenta como advogado do golpista, convidou o embaixador de Israel em Brasília, Daniel Zonshine, para o evento convocado para o próximo domingo (25) na Avenida Paulista, quando o ex-presidente tentará se defender das acusações de golpismo.

O segundo delírio partiu de alguns deputados bolsonaristas que pretendem protocolar pedido de impeachment do presidente Lula por causa da sobre o genocídio na Faixa de Gaza. Em suma, foram acometidos por “bozofrenia” irreversível.


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