Na disputa pelo espólio político do golpista Bolsonaro, o vale-tudo ganha força entre os interessados

 
Vencido o período subsequente ao ato em apoio a Jair Bolsonaro, realizado no dia 25 de fevereiro na Avenida Paulista, em São Paulo, a disputa pelo espólio político do inelegível golpista fracassado continua.

Governador de São Paulo Tarcísio de Freitas, o turista acidental que aterrissou no mais importante estado da federação, largou na frente dos outros interessados no espólio de Bolsonaro.

Considerando que Tarcísio modulará o discurso e as decisões para agradar ao eleitorado conservador, além do radical núcleo bolsonarista, a letalidade da Polícia Militar paulista deve aumentar sobremaneira, pois esse segmento da sociedade acredita que segurança pública é uma atividade diretamente relacionada à matança. O secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, ex-comandante da Rota, é adepto confesso dessa teoria.

Não se trata de defender os criminosos e deixar a população à própria sorte, mas é preciso adotar políticas públicas que desestimulem o ingresso no universo do crime, enquanto dá-se segurança ao cidadão. Matar a esmo, como vem ocorrendo na cidade de Guarujá, no litoral paulista, é um contrassenso em termos de segurança pública. Aliás, as operações Escudo e Verão só foram deflagradas porque causa da morte de policiais militares por criminosos.

Entre mortes e prisões efetuadas em Guarujá, o governo de São Paulo combateu a chamada “raia miúda” do crime, enquanto os barões do tráfico de entorpecentes continuam soltos e fazendo negócios milionários a partir da cidade litorânea que um dia foi chamada de “Pérola do Atlântico”. Há muito deixou de ser novidade a preferência de grandes traficantes, inclusive internacionais, por Guarujá. Isso porque a cidade fica em uma das margens do porto de Santos, por onde os criminosos enviam enormes quantidades de cocaína ao exterior.

Outro interessado no espólio político de Bolsonaro é o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, que rapidamente adotou um discurso contra as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) no escopo das investigações sobre a fracassada tentativa de golpe de Estado.

Na última sexta-feira (1), em Porto Alegre, Zema disse temer que o Judiciário decida de forma parcial no âmbito das investigações da tentativa de golpe. A fala do governador mineiro soou como música nos ouvidos dos integrantes da turba bolsonarista.

“Eu sempre falo que quem não deve, não teme. Eu só temo que possa haver alguma parcialidade. Aí é que está a questão. A Justiça no Brasil, no meu entender, tem demonstrado que, muitas vezes, tem julgado de acordo com interesses políticos e não de acordo com a lei. E isso me parece que ficou bastante acentuado nesses últimos catorze meses”, disse Zema.

Governador de Goiás, o camaleão Ronaldo Caiado apenas espreita a disputa, pois até o momento não deu qualquer declaração que sinalizasse seu interesse pelo espólio de Bolsonaro. Tanto é verdade, que Caiado participou do ato na Avenida Paulista, mas evitou sair nas imagens. Por outro lado, os três filhos mais velhos do ex-presidente, todos políticos profissionais, não têm estofo para tal empreitada.

Em outro vértice da disputa está Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama, sucessora preferida nos bastidores da cúpula do Partido Liberal, partido comandado por Valdemar Costa Neto, que também é alvo das investigações da Operação Tempus Veritatis.

Como destacamos em matéria anterior, Michelle tenta vender aos evangélicos a falsa ideia de que é possível implantar no Brasil uma teocracia, a exemplo do que acontece no Irã dos aiatolás. É importante lembrar que o Brasil é um Estado laico e nenhum espertalhão tomará o poder com um exemplar da bíblia debaixo do braço, como sugere Michelle Bolsonaro, que tem no pastor golpista Silas Malafaia um estridente cabo eleitoral.

Há nesse cenário sórdido um detalhe importante a ser considerado: Jair Bolsonaro não confia plenamente nos interessados mencionados na matéria.


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