Lula fala em democracia, mas se cala diante da reeleição fraudulenta de Putin e da eleição venezuelana

 
A palavra democracia tem significado estanque e não permite interpretações, sempre usadas como justificativa por regimes autoritários. Não há democracia, no sentido literal da palavra, quando o poder está concentrado nas mãos de apenas um político, que usa o falso discurso da liberdade para enganar a opinião pública.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, supõe este noticioso, sabe a fundo o que significa democracia, pois sua trajetória política remete a essa conclusão. Da mesma forma que condena, acertadamente, o genocídio que acontece na Faixa de Gaza, Lula precisa vir a público e se manifestar sobre a reeleição fraudulenta do russo Vladimir Putin e criticar o processo eleitoral da Venezuela. Nos Em ambos os casos a democracia simplesmente foi sufocada pelos interesses escusos de quem deseja se perpetuar no poder.

Como se fosse um czar dos tempos modernos, Putin foi reeleito para novo mandato, o que lhe garante o direito de decidir o futuro da Rússia até 2023, pelo menos, caso não promova uma mudança na legislação que o favoreça.

A reeleição de Vladimir Putin foi objeto de fraude conhecida, mas ninguém ousa contestá-lo, sob pena de enfrentar o lado sangrento de sua tirania. Na Rússia, as eleições são alegadamente democráticas, mas é preciso destacar que os opositores de Putin, em sua maioria, têm vocação suicida. Alguns cultivam o hábito de saltar de janelas, ao passo que outros cometem suicídio por meio de envenenamento.

Não há um só lugar do planeta em que os opositores de Vladimir Putin possam desfrutar de doses mínimas de segurança. O serviço secreto russo tem agentes espalhados por toda parte, sempre prontos para missões criminosas.

Com a estratégia de tirar os adversários de circulação, enviando-os para prisões na congelante Sibéria, ou até mesmo eliminando-os de uma vez por todas, Putin foi reeleito no último domingo (17) com quase 88% dos votos válidos. Desde então, nenhuma palavra de Lula sobre o processo eleitoral russo foi ouvida.

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Na vizinha Venezuela, onde Nicolás Maduro adota estratégia semelhante à de Putin, as eleições estão a anos-luz de um regime democrático, algo que o tiranete bolivariano nega. Maduro, que agrega na cúpula do governo local criminosos acusados de tráfico internacional de drogas, vale-se de um Estado dominado pela versão mais bizarra do chavismo para anular potenciais adversários.

Atual líder da oposição à ditadura bolivariana que resiste na Venezuela, María Corina Machado venceria a corrida presidencial com 70% dos votos, caso a eleição fosse hoje. Contudo, em mais uma manobra espúria de Maduro, María Corina inabilitada pela corregedoria da Venezuela para disputar a eleição, sob o argumento de corrupção e apoio a medidas econômicas contra o país. A Suprema Corte, dominada por Nicolás Maduro, ratificou a decisão da corregedoria.

A rejeição ao governo de Nicolás Maduro é tamanha – aproximadamente 80% –, que qualquer candidato de oposição indicado por María Corina Machado venceria a disputa eleitoral também com 70% dos votos.

Para afastar os opositores potenciais e dar ares democráticos ao processo eleitoral, Maduro vale-se de candidatos risíveis, muitos dos quais são “laranjas” do próprio ditador venezuelano.

No início de março, ao ser questionado sobre a eleição presidencial na Venezuela, agendada para 28 de julho, o presidente Lula ingressou no terreno da delinquência intelectual ao comparar a oposição ao venezuelano à liderada aqui no Brasil por Jair Bolsonaro e seus capachos golpistas.

Na segunda-feira (18), Lula, durante reunião ministerial, Lula abriu o encontro falando sobre a fracassada tentativa de golpe de Estado e chamou Bolsonaro de “covardão”. O modelo venezuelano que Lula defende por questões ideológicas é o mesmo que Bolsonaro tentou implantar no Brasil, mas fracassou: uma ditadura travestida de democracia.

Já passou da hora de Lula, que tenta resgatar seu prestígio no cenário internacional, comentar com doses de coerência a reeleição fraudulenta de Vladimir Putin e o “faz de conta” do ditador venezuelano Nicolás Maduro.

Caso o silêncio obsequioso de Lula decorra de questões ideológicas, que renuncie à Presidência da República e passe a presidir o Partido dos Trabalhadores. Afinal, democracia é a antítese de ditadura.


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