Lula agride as mulheres ao silenciar diante da acusação de violência doméstica contra seu filho

 
O presidente Luiz Inácio da Silva adotou silêncio obsequioso envolvendo duas acusações relevantes: a denúncia de violência doméstica contra seu filho mais novo, Luís Cláudio Lula da Silva, e citação do nome do ministro Rui Costa, chefe da Casa Civil, em inquérito da Polícia Federal que apura fraude na compra de respiradores durante a pandemia de Covid-19.

Em relação à denúncia de violência doméstica, Luís Cláudio Lula da Silva tem direito à presunção de inocência, garantida pela Constituição Federal (artigo 5º, inciso LVII), mas o presidente deveria vir a público e defender rigorosa apuração do caso que envolve o filho.

A sabedoria popular afirma que “santo de casa não faz milagre” – ou “casa de ferreiro, espeto de pau”. Lula precisa com urgência arejar a memória e, voltando na linha do tempo, resgatar dois discursos sobre violência contra as mulheres.

Em agosto de 2022, em discurso marcado por mais um dos seus conhecidos “escorregões”, o então candidato à Presidência disse: “Quer bater em mulher? Vá bater em outro lugar, mas não dentro da sua casa ou no Brasil, porque nós não podemos aceitar mais isso”. Violência contra a mulher é inaceitável em qualquer parte do planeta, crime que deve ser punido com o devido rigor da lei.

Em 8 de março de 2023, durante evento alusivo ao Dia Internacional da Mulher, o presidente declarou: Hoje, nós estamos aqui comemorando o 8 de março com o respeito que as mulheres exigem. Respeito em todos os espaços que elas queiram ocupar – seja no trabalho, em locais públicos, na política ou dentro de suas próprias casas. Respeito que nós lutamos para construir quando governamos este país.”

“Respeito que faltou ao governo anterior, quando optou pela destruição de políticas públicas, cortou recursos orçamentários essenciais, e chegou a estimular de forma velada a violência contra as mulheres. Tenho a satisfação de dizer a vocês que o Brasil voltou. Voltou a respeitar as mulheres. Voltou para combater a discriminação, o assédio, os estupros, o feminicídio e todas as formas de violência contra as mulheres” completou.

Ao não se manifestar sobre o caso envolvendo Luís Cláudio, o presidente não apenas manda pelos ares os próprios discursos, mas agride as mulheres. Por outro lado, causa espécie o silêncio da primeira-dama Rosângela “Janja” Lula da Silva, sempre ativa na defesa das mulheres.

Escândalo dos respiradores

No caso envolvendo o chefe da Casa Civil, o presidente da República limitou-se a dizer, durante evento em Pernambuco, que Costa é “como um primeiro-ministro”.

“Eu tenho um conjunto de ministros que é muito competente. Esse aqui, que é o chefe da Casa Civil, é como se fosse o primeiro-ministro Rui Costa. [Ele] foi governador da Bahia por 8 anos, foi chefe da Casa Civil, é o cara que mais atende [os governadores] com os pedidos lá em Brasília”, declarou o presidente.

A aludida competência política de Rui Costa é um tema à parte, mas na opinião do UCHO.INFO o chefe da Casa Civil não convence, principalmente quando considerado “primeiro-ministro”. Há no PT nomes mais gabaritados para estar à frente da pasta.

Ademais, no regime parlamentarista, o primeiro-ministro é o chefe do governo, atribuição que não cabe a Rui Costa como chefe da Casa Civil. Na melhor das hipóteses e ao pé da letra, ele interage com o presidente da República e auxilia na administração do governo e se incube das relações institucionais e políticas. Aliás, é importante destacar, que Lula nomeou como ministro das Relações Institucionais do governo o ‘companheiro” Alexandre Padilha, que indiretamente comanda o Ministério da Saúde.

Como afirmamos em matéria anterior, Lula deveria repetir o ex-presidente Itamar Franco, que diante denúncia de corrupção afastou Henrique Hargreaves, amigo de longa data, do comando da Casa Civil, enquanto a Polícia Federal apurava o caso. Não comprovada a denúncia, Hargreaves voltou ao posto mais forte em termos políticos. Itamar tomou a decisão para preservar a imagem do governo e a trajetória do amigo.

Rui Costa goza da presunção de inocência, mas é necessário que o governo seja transparente. Independentemente da relação com o ex-governador da Bahia, afinal são companheiros de legenda, Lula só prejudica o governo com essa blindagem pública do seu “braço direito”.


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