Israel ignora decisão da ONU sobre cessar-fogo em Gaza, mas recorre ao órgão após ataque iraniano

 
Quando o assunto é o conflito no Oriente Médio, que já dura décadas e é marcado pela ocupação ilegal de terras por parte dos israelenses, o UCHO.INFO sempre defendeu a criação de um Estado palestino como caminho para a paz na região. Sob o pretexto absurdo da “terra prometida”, Israel se apoderou de terras pertencentes aos palestinos, expandindo seu território de forma criminosa e sem dar ouvidos às decisões da Organização das Nações Unidas (ONU).

No domingo (14), o Conselho de Segurança da ONU se reuniu em caráter emergencial diante de pedido de Israel, que cobrou a aplicação de todas as sanções possíveis ao Irã por conta do ataque do último sábado.

Causa espécie o fato de Tel Aviv recorrer ao Conselho de Segurança, que há dias determinou imediato cessar-fogo na Faixa de Gaza, sem que as autoridades israelenses tenham acatado a decisão. Em suma, Israel trata o Conselho de Segurança de acordo com seus interesses.

Guterres fala em “abismo”

O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que a população do Oriente Médio enfrenta o perigo real de um “conflito devastador em grande escala” e apelou à “máxima contenção”, frisando que “é hora de recuar do abismo”.

Durante a reunião de emergência do Conselho de Segurança, Guterres alertou que os civis já estão “pagando o preço mais elevado”. “É hora de recuar do abismo. É vital evitar qualquer ação que possa conduzir a grandes confrontos militares em múltiplas frentes no Oriente Médio”, apelou.

A mensagem do diplomata português foi reforçada com o lembrete de que o Direito internacional proíbe “ações de retaliação que incluam o uso da força”, declaração que deve ser entendida como um apelo ao Irã e a Israel.

Teerã justificou seu ataque como um ato de retaliação pelo bombardeio do seu consulado em Damasco. Por outro lado, Tel Aviv afirmou que se reserva o direito de responder aos ataques iranianos.

Irã: “Direito à autodefesa”

Além dos representantes dos membros do Conselho, embaixadores de vários outros membros da ONU – incluindo Rússia, China, Coreia do Sul, Serra Leoa, Síria, Reino Unido, França, Argélia e outros – participaram da reunião em Nova York no final do domingo.

O embaixador iraniano nas ONU, Amir Saeid Jalil Iravani, declarou que seu país “não teve outra escolha senão exercer o seu direito à autodefesa”, ao justificar o ataque sem precedentes a Israel.

“O Conselho de Segurança falhou no seu dever de manter a paz e a segurança internacionais” ao não condenar o ataque de 1º de abril ao consulado iraniano em Damasco, na Síria, declarou Iravani.

“Sob essas condições, a República Islâmica do Irã não teve outra escolha senão exercer o seu direito à legítima defesa”, disse, garantindo que Teerã não quer uma escalada do conflito, mas responderá a “qualquer ameaça ou agressão”.

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Israel: “Direito legal de responder”

O embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, sublinhou que seu país tem agora direito à retaliação, apesar dos apelos do secretário-geral e de todos os países para que ambos os lados se contenham, e pediu “todas as sanções possíveis” ao Irã, “antes que seja tarde”.

“Este ataque ultrapassou todas as linhas vermelhas, e Israel reserva-se o direito legal de responder”, afirmou Erdan. “Depois de um ataque tão maciço contra Israel, o mundo inteiro, muito menos Israel, não pode ficar de braços cruzados. Defendemos o nosso futuro”, continuou Erdan, que agradeceu especificamente aos Estados Unidos pelo seu apoio.

O gabinete de guerra de Israel se reuniu após o ataque, mas uma autoridade israelense disse à agência de notícias Associated Press que nenhuma decisão foi tomada. A agência de notícias Reuters informou que parece haver uma divisão no gabinete sobre o momento e a intensidade de uma resposta israelense.


 
EUA não querem escalada do conflito

O representante adjunto dos Estados Unidos na ONU, Robert Wood, defendeu perante o Conselho a necessidade de condenar o ataque do Irã a Israel e sublinhou o interesse do seu país em reduzir a tensão na região.

“Nos próximos dias, os Estados Unidos vão explorar medidas adicionais para responsabilizar o Irã aqui nas Nações Unidas”, afirmou. Em todo o caso, Wood sublinhou que os Estados Unidos não querem uma escalada.

O representante dos EUA referiu-se ainda à situação na Faixa de Gaza e defendeu a necessidade de um cessar-fogo, de um acordo para a libertação dos reféns e aumento da ajuda humanitária à população do enclave palestino.

O Irã lançou na noite de sábado um ataque a Israel com mais de 300 drones, mísseis de cruzeiro e balísticos, a grande maioria interceptados, segundo os militares israelenses. O ataque foi executado depois de um bombardeio, atribuído a Israel, ao consulado iraniano em Damasco, em 1º de abril, que matou sete membros da Guarda Revolucionária e seis cidadãos sírios.

O governo dos Estados Unidos já afirmou que não participará de qualquer represália de Israel ao ataque iraniano.


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