Delirante, Trump pressiona rei da Jordânia para acolher palestinos de Gaza, mas fala sozinho

Decidido a fazer da política de enfrentamento o prefácio de um governo que tem todos os ingredientes para acabar mal, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, insiste em levar adiante o plano de promover uma limpeza étnica na Faixa de Gaza, algo que não será tão fácil quanto o republicano imagina. Isso porque a comunidade internacional, em especial os países da comunidade árabe, já se manifestaram contra.

Trump, que estreou a segunda temporada na Casa Branca protagonizando espetáculos típicos de apasquinados, quer salvar o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, um genocida que é acusado de corrupção, abuso de poder e fraude, o que pode lhe render alguns bons anos atrás das grades. Enquanto estiver no poder, Netanyahu consegue ficar longe da prisão.

O primeiro entrave para o criminoso projeto é a ilegalidade da medida proposta por Trump, que pretende fazer da Faixa de Gaza um destino luxuoso de veraneio, possivelmente administrado pela própria família e por empresas de apoiadores.

Nessa investida alucinada, Trump pressionou o rei Abdullah II da Jordânia a acolher os palestinos que seriam permanentemente excluídos da Faixa de Gaza, apesar de o monarca ter reafirmado sua oposição à remoção dos palestinos do enclave.

Ao receber nesta terça-feira (11) o Abdullah II no Salão Oval da Casa Branca, Trump sinalizou que está mantido o plano de retirar os moradores da Faixa de Gaza e transformar o território devastado pela guerra em um megaprojeto imobiliário, chamado pelo republicano de “Riviera do Oriente Médio”.

O americano enfureceu o mundo árabe ao dizer que os palestinos não teriam o direito de retornar ao território após a reconstrução da Faixa de Gaza, cujas estruturas estão em ruínas após mais de 15 meses de guerra entre Israel o grupo Hamas.

Em mais um dos seus recentes delírios, Trump voltou a mencionar o controle americano sobre Gaza. “Nós vamos tomá-la. Nós vamos mantê-la, vamos apreciá-la. Nós vamos fazê-la funcionar eventualmente, com muitos empregos sendo criados para as pessoas no Oriente Médio”, afirmou, reiterando que seu plano iria “trazer paz” para a região.

Mais tarde, o rei Abdullah II disse que reiterou a Trump a posição da Jordânia contra o deslocamento dos palestinos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia ocupada, que faz fronteira com seu país. “Esta é a posição árabe unificada”, disse o rei em postagem no X. “Reconstruir Gaza sem deslocar os palestinos e lidar com a terrível situação humanitária deve ser a prioridade de todos.”

Apesar das opiniões do monarca, Trump disse que a Jordânia, assim como o Egito, acabariam concordando em abrigar os residentes deslocados de Gaza. Ambos os países dependem de Washington para receber ajuda econômica e militar.

“Acredito que teremos um pedaço de terra na Jordânia. Acredito que teremos um pedaço de terra no Egito”, disse Trump. “Podemos ter outro lugar, mas acho que quando terminarmos nossas conversas, teremos um lugar onde eles viverão muito felizes e muito seguros.”

O presidente dos EUA sinalizou com a possibilidade de contingenciar a ajuda à Jordânia, alegando que não estava usando o apoio americano como uma ameaça. “Contribuímos com muito dinheiro para a Jordânia e, a propósito, para o Egito; muito, para ambos. Mas não preciso ameaçar. Acho que estamos acima disso”, disse Trump.

Apesar da aparente cordialidade do encontro, os comentários de Trump deixaram o Abdullah II em situação delicada, dada a sensibilidade na Jordânia em torno das reivindicações dos palestinos sobre o direito de retornarem às terras das quais fugiram durante a guerra que marcou a criação do Estado de Israel, em 1948.

Trump deveria saber que a rainha Rania, esposa de Abdullah II, é filha de pai palestino, o médico Faisal Sidqi Al Yassin. Além disso, a rainha da Jordânia é conhecida internacionalmente por ser defensora de causas sociais e humanitárias, como educação, saúde, direitos das mulheres e desenvolvimento comunitário. Seria um contrassenso Abdullah II contrariar a própria esposa, figura de destaque no mundo árabe, para endossar mais um devaneio de Trump.

Localizada entre a Arábia Saudita, Síria, Israel e a Cisjordânia ocupada, a Jordânia, com 11 milhões de habitantes, já abriga mais de 2 milhões de refugiados palestinos. Mesmo assim, Donald Trump insiste em brincar de dono do universo. Até quando? (Com agências internacionais)

Se você chegou até aqui é porque tem interesse em jornalismo profissional, responsável e independente. Assim é o jornalismo do UCHO.INFO, que nos últimos 20 anos teve participação importante em momentos decisivos do País. Não temos preferência política ou partidária, apenas um compromisso inviolável com a ética e a verdade dos fatos. Nossas análises políticas, que compõem as matérias jornalísticas, são balizadas e certeiras. Isso é fruto da experiência de décadas do nosso editor em jornalismo político e investigativo. Além disso, nosso time de articulistas é de primeiríssima qualidade. Para seguir adiante e continuar defendendo a democracia, os direitos do cidadão e ajudando o Brasil a mudar, o UCHO.INFO precisa da sua contribuição mensal. Desse modo conseguiremos manter a independência e melhorar cada vez mais a qualidade de um jornalismo que conquistou a confiança e o respeito de muitos. Clique e contribua agora através do PayPal. É rápido e seguro! Nós, do UCHO.INFO, agradecemos por seu apoio.