Ataque do Paquistão contra a Índia deixa 12 mortos e 38 feridos; ação é resposta a bombardeio indiano

Um ataque do Paquistão na região da Caxemira controlada pela Índia deixou ao menos 12 mortos e 38 feridos nesta quarta-feira (7), de acordo com autoridades locais.

A agência de notícias AFP informa que o ataque da artilharia paquistanesa aconteceu no distrito de Poonch. A ofensiva ocorre após o Paquistão afirmar que revidaria os ataques indianos da terça-feira (6).

A Índia confirmou ter atacado nove alvos paquistaneses, mas o ministro da Defesa indiano alegou que não houve civis entre os mortos. O Paquistão negou e disse que o número de mortos no ataque da Índia subiu para 26. Outras 46 pessoas ficaram feridas.

Adversários históricos, Índia e Paquistão possuem armas nucleares, o que eleva a tensão diante de eventual escalada do conflito. Este é o conflito mais grave entre as nações vizinhas desde 2019, quando ambos os países estiveram à beira de uma guerra

Por conta dos ataques recíprocos, companhias aéreas asiáticas alteram rotas e cancelaram voos que passavam pelo local. Segundo a Reuters, 52 voos para o Paquistão foram cancelados.

O primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, disse que o país vingaria os mortos no ataque, que incluem mulheres e crianças, mas não deu maiores detalhes sobre quando isso deve ocorrer.

Sharif afirmou que o Paquistão considerou os ataques da Índia um “ato flagrante de guerra”. Em uma reunião do Conselho de Segurança Nacional nesta quarta-feira, o governo paquistanês autorizou as Forças Armadas a agirem para defender a soberania do Paquistão “no momento, local e da maneira que escolherem”.

O vice-primeiro-ministro paquistanês, Ishaq Dar, afirmou, em entrevista ao jornal britânico The Guardian, que o país fará de tudo para defender sua dignidade. “Reservamo-nos o direito de autorizar as Forças Armadas a tomarem quaisquer medidas adequadas em resposta – e essas serão medidas, proporcionais e responsáveis”, disse Dar, que também ocupa o cargo de ministro do Exterior.

Dar acrescentou que o Paquistão vem demonstrando “paciência e máxima contenção” diante das acusações e ataques da Índia. “Sim, há uma enorme perda econômica associada a qualquer guerra em grande escala. Mas quando a questão [é] de soberania, integridade do país, integridade territorial, dignidade da nação, então não há preço”, disse.

Ishaq Dar ressaltou que a crise atual “também é de responsabilidade da comunidade global, porque quaisquer consequências e impactos econômicos negativos de uma guerra desse tipo não se limitarão à Índia e ao Paquistão. Ela eventualmente cruzará as fronteiras internacionais.”

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Ataques da Índia

De acordo com Nova Délhi, a Operação Sindoor atingiu a infraestrutura de terroristas abrigados pelo país vizinho e suas ações “são precisas, comedidas e não escalatórias em sua natureza”. Esta seria resposta a um ataque terrorista na Caxemira indiana que deixou 26 mortos, em 22 de abril.

“Nenhuma instalação militar paquistanesa foi alvo. A Índia demonstrou considerável contenção na seleção de alvos e no método de execução”, afirmou Nova Délhi, em um comunicado. O Paquistão, por sua vez, afirmou que os indianos atacaram três locais com mísseis.

Em coletiva, um porta-voz do Exército indiano afirmou que o ataque teve como alvos “campos terroristas” que funcionavam como centros de recrutamento, pontos de lançamento, locais de doutrinação, além de abrigarem armas e instalações de treinamento.

“A inteligência e o monitoramento de células terroristas baseadas no Paquistão indicaram que novos ataques contra a Índia eram iminentes, portanto, foi necessário realizar ataques preventivos e de precaução”, disse.

O governo de Islamabad, capital do Paquistão, anunciou o fechamento do seu espaço aéreo por 48 horas e que os voo comerciais ainda no ar estão sendo desviados.

De acordo com a polícia indiana, após os ataques, militares paquistaneses atiraram contra o território controlado pela Índia, deixando duas mulheres feridas.

Várias explosões foram ouvidas nas montanhas ao redor da cidade de Muzaffarabad, capital da Caxemira paquistanesa, bem como em outros dois locais da região, relataram testemunhas da Reuters e um canal de TV paquistanês nesta quarta.

Após as explosões, a energia elétrica de Muzaffarabad foi cortada, disseram as testemunhas. Não ficou imediatamente claro o que foram as explosões.

Um porta-voz das Forças Armadas do Paquistão disse à emissora ARY que a Índia atacou o Paquistão com mísseis em três locais e que o Paquistão responderia.

O incidente ocorre em meio ao aumento das tensões entre os vizinhos após um ataque a turistas hindus na Caxemira indiana no mês passado.

A Índia culpou o Paquistão pela violência e prometeu responder. O Paquistão negou qualquer envolvimento nos assassinatos e afirmou ter informações de que a Índia planejava atacar.

Caxemira

A Caxemira é uma região na cordilheira do Himalaia disputada tanto pela Índia quanto pelo Paquistão desde a independência de ambos do Reino Unido, em 1947.

Atualmente, o controle de fato da região é dividido entre os dois países, além da China, que controla uma porção ao leste. Contudo, Nova Déli e Islamabad reivindicam a totalidade do território.

No último dia 22 de abril, homens armados abriram fogo contra turistas em um resort na cidade de Pahalgam, deixando 26 mortos.

O ataque foi reivindicado por um grupo militante chamado “Resistência da Caxemira”, até então desconhecido entre os que fazem ataques no território. Desde então, as tensões na região dispararam.

A Organização das Nações Unidas (ONU) pediu à Índia e ao Paquistão “máxima contenção para garantir que a situação não se deteriore ainda mais”. (Com agências internacionais)

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