A Assembleia Nacional de Cuba indicou, nesta quarta-feira (18), o vice-presidente Miguel Díaz-Canel para substituir Raúl Castro na presidência do país. A saída do atual presidente representa o fim da era Castro, cuja família permaneceu quase seis décadas no poder, transformando a ilha caribenha em reduto de sanguinária ditadura comunista.
Díaz-Canel lidera a proposta da Comissão de Candidaturas Nacionais (CCN) para a formação do principal órgão de governo do país, o Conselho de Estado. A proposta será submetida à votação da Assembleia recém constituída, cujo resultado é esperado para quinta-feira.
O anúncio ocorreu logo após o início da reunião de dois dias da Assembleia Nacional para eleger o sucessor de Castro, de 86 anos. Após a leitura da proposta de candidaturas, os 605 deputados dedicaram ao até agora número 2 do regime uma longa salva de palmas.
Díaz-Canel, de 57 anos, tornou-se braço direito do atual presidente em 2013. Sua indicação para assumir o governo já era esperada. Como ele foi o único indicado, sua eleição é uma mera formalidade.
Ex-ministro da Educação Superior, Díaz-Canel aparentemente segue uma linha liberal do socialismo. Ele é considerado uma aposta segura para herdar o mandato de Castro e de outros líderes da revolução. O engenheiro nascido após a revolução deverá prosseguir a “atualização” do modelo econômico da ilha, que foi esboçada por Raúl Castro.
Pela primeira vez, o presidente do regime cubano será uma pessoa que não participou da revolução de 1959, não envergará a farda verde-oliva e não dirigirá o Partido Comunista Cubano (PCC). Ele contará, porém, com o apoio de Castro, que se manterá na liderança do poderoso partido único até 2021.
Como primeiro vice-presidente do Conselho de Estado, a CCN propôs o veterano dirigente Salvador Valdés Mesa, de quase 73 anos, membro do politburo do Partido Comunista de Cuba e que ocupava até agora uma das cinco vice-presidências do órgão. Se for confirmada a nomeação de Valdés Mesa, esta será a primeira vez em que Cuba terá um primeiro vice-presidente negro, o cargo mais alto a ser ocupado por um afrodescendente na história do país.
A sessão parlamentar, realizada no Palácio de Convenções de Havana, começou presidida pela titular da Comissão Eleitoral Nacional, Alina Balseiro, como responsável do órgão que representa a Assembleia Nacional entre períodos de sessões. Castro, que foi recebido com uma ovação, compareceu ao ato acompanhado de Díaz-Canel, ambos vestidos de terno e gravata.
A abertura da nona legislatura de Cuba e a instalação da Assembleia Nacional, resultante das eleições gerais de 11 de março, começou com a leitura dos nomes, um a um, dos 605 deputados eleitos em todo o país.
Apesar de a votação para eleger o presidente acontecer nesta quarta-feira, o resultado deve ser anunciado somente na quinta-feira, no aniversário de 57 anos da invasão da Baía dos Porcos, quando em 1961 a CIA tentou derrubar o líder da revolução de 1959, Fidel Castro. Havana proclamou esse episódio como a primeira grande derrota do imperialismo americano na América Latina.
Raúl Castro assumiu o poder em 2008, após Fidel, que faleceu em 2016, aos 90 anos, anunciar sua renúncia. Durante seu governo, ele reatou as relações com os Estados Unidos e realizou diversas reformas de mercado no país.
Juntos, os irmãos governaram a ilha por quase 60 anos. Durante este período, Cuba tornou-se um dos atores principais da Guerra Fria e manteve o comunismo à tona mesmo depois do colapso da União Soviética. (Com agências internacionais)