Desenvolvida pela chinesa Sinovac, a vacina contra Covid-19 mostrou-se segura em ensaios clínicos da fase 3 realizados em 50 mil voluntários na China. O resultado foi informado nesta quarta-feira (23) pelo governo de São Paulo, que firmou parceria com a farmacêutica chinesa.
De acordo com o governador João Doria (PSDB), 94,7% das 50.027 pessoas testadas no país asiático não apresentaram qualquer reação adversa ao imunizante, batizado de Coronavac e que também está sendo testado em sua fase final no Brasil
.
Os demais 5,36% apresentaram efeitos adversos de baixa gravidade: os mais comuns foram dor leve no local da aplicação (3,08%), fadiga (1,53%) e febre moderada (0,21%). Os restantes relataram perda de apetite, dor de cabeça e febre.
“Esses resultados comprovam que a Coronavac tem um excelente perfil de segurança, e comprovam também a manifestação feita pela Organização Mundial da Saúde, indicando a Coronavac como uma das oito mais promissoras vacinas em desenvolvimento no seu estágio final em todo o mundo”, afirmou Doria em coletiva de imprensa.
Sobre os efeitos adversos de grau baixo apresentados por uma minoria dos voluntários, o governador disse que eles são comuns em vacinas amplamente utilizadas.
Com a segurança da vacina comprovada nos testes da fase 3 realizados na China, as autoridades esperam agora os resultados sobre a eficácia do imunizante, que devem ficar prontos em novembro. Fases anteriores mostraram resultados satisfatórios quanto à eficácia.
“A segurança e eficácia são dois dos principais fatores para comprovar se uma vacina está pronta para uso emergencial na população. Estamos muito otimistas com os resultados que a Coronavac apresentou até o momento”, afirmou Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, órgão público de pesquisas biológicas vinculado ao governo de São Paulo.
Se o cronograma seguir o planejado e a vacina mostrar-se comprovadamente eficaz, o governo paulista disse que pretende fazer um pedido de liberação emergencial da campanha de vacinação junto à Anvisa, para que o imunizante esteja disponível para a população na segunda quinzena de dezembro.
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Segundo Doria, os primeiros a serem vacinados no estado serão os profissionais de saúde, mais suscetíveis ao contágio pelo novo coronavírus.
O governador tucano informou que 5 milhões de doses da Coronavac deverão chegar da China em outubro. A expectativa é que, até dezembro, 6 milhões de doses importadas estejam prontas, e outras 40 milhões sejam desenvolvidas no Butantan a partir de insumos chineses.
“Teremos 60 milhões de doses até 28 de fevereiro, mais que o suficiente [para vacinar a população do estado]. Vamos vacinar os brasileiros de São Paulo e, espero, os brasileiros de todo o Brasil”, declarou Doria nesta quarta-feira.
O governo paulista disse que pretende ofertar a vacina para outros estados brasileiros e países da região após a vacinação em São Paulo, se o imunizante tiver sido aprovado.
A Coronavac está sendo testada em dez países. No Brasil, os estudos começaram em 21 de julho, a partir de uma parceria da Sinovac com o Instituto Butantan. Ao todo, 5.600 dos 9 mil voluntários já receberam pelo menos uma dose da vacina, em cinco estados e no Distrito Federal.
O acordo entre o Butantan e o laboratório chinês inclui também a transferência de tecnologia e a produção da vacina se sua eficácia for comprovada. O instituto planeja começar a construir uma nova fábrica de vacinas no próximo mês, com capacidade para produzir 100 milhões de doses por ano.
São Paulo é o estado brasileiro mais atingido pela epidemia de covid-19, com 945 mil casos e 34.266 mortes, segundo dados do Ministério da Saúde divulgados na terça-feira.
O total de infectados no território paulista supera os registrados em praticamente todos os países do mundo, exceto Estados Unidos (6,9 milhões), Índia (5,6 milhões) e Rússia (1,1 milhão). Ou seja, se São Paulo fosse um país, seria o quinto com mais casos confirmados.
Em todo o Brasil, o vírus SARS-CoV-2 infectou mais de 4,59 milhões de pessoas e deixou mais de 138 mil mortos. O país é o segundo com mais óbitos pela Covid-19, atrás dos Estados Unidos (201 mil), e o terceiro em número de casos, depois dos EUA e da Índia. (Com agências internacionais)
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