Internado desde quarta-feira (14) no Hospital Vila Nova Star, na cidade de São Paulo, para tratar de obstrução intestinal, o presidente Jair Bolsonaro aproveito seu estado de saúde para protagonizar mais um espetáculo em que assume o papel mártir. Em desvantagem nas pesquisas de opinião sobre a corrida presidencial de 2022, Bolsonaro vê seu projeto de reeleição derreter, por isso apela ao “coitadismo”.
Na madrugada do último domingo (11), o presidente foi internado no Hospital das Forças Armadas (HFA), no setor Sudoeste da capital federal, por conta de soluço persistente e dores abdominais. Após ser avaliado pelos médicos, o presidente foi liberado e retornou ao Palácio da Alvorada.
Na manhã de quarta-feira, após sentir dores abdominais, Bolsonaro voltou ao HFA, onde passou por exames. Segundo a assessoria palaciana, o presidente passava bem e ficaria em observação por até 48 horas, com possibilidade de deixar a unidade de saúde no mesmo.
Em nota, a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência (Secom) informou que o presidente fora internado “por orientação de sua equipe médica” com o objetivo de realizar exames “para investigar a causa dos soluços”. O comunicado ressaltou que Bolsonaro “ficará sob observação, no período de 24 a 48 horas, não necessariamente no hospital”. “Ele está animado e passa bem”, concluiu a Secom.
Enquanto estava no HFA, Bolsonaro se deixou fotografar no leito hospitalar e com eletrodos conectados ao corpo. Começa naquele momento a estratégia de vitimização levada adiante pelo presidente. Em mensagem publicada nas redes sociais, Bolsonaro creditou seu estado de saúde ao atentado a faca de que foi alvo em 2018, durante a campanha eleitoral, e novamente responsabilizou partidos de esquerda pelo ocorrido. Investigações da Polícia Federal concluíram que Adélio Bispo de Oliveira, autor do atentado, agiu sozinho e sofre de transtornos psiquiátricos.
“Mais um desafio, consequência da tentativa de assassinato promovida por antigo filiado ao PSOL, braço esquerdo do PT, para impedir a vitória de milhões de brasileiros que queriam mudanças para o Brasil. Um atentado cruel não só contra mim, mas contra a nossa democracia”, escreveu o presidente em rede social.
“Agradeço a todos pelo apoio e pelas orações. É isso que nos motiva a seguir em frente e enfrentar tudo que for preciso para tirar o país de vez das garras da corrupção, da inversão de valores, do crime organizado, e para garantir e proteger a liberdade do nosso povo”, completou.
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O cirurgião Antônio Luiz Macedo, que acompanha Bolsonaro desde o episódio da facada, rumou a Brasília para examinar presidente, que ainda permanecia no HFA. Horas depois, Macedo decidiu pela transferência do chefe do Executivo para São Paulo. Assim a novela bolsonarista ganhava um novo capítulo.
Com Bolsonaro já internado no hospital paulistano, a equipe médica informou que o presidente seria submetido a “tratamento clínico conservador”, ou seja, inicialmente estava descarta a possibilidade de cirurgia.
Dois dias após o início da novela, Jair Bolsonaro, sem máscara de proteção, posou para foto ao lado de paciente que está internada no mesmo hospital, conforme imagem publicada nas redes sociais da primeira-dama.
Nesta sexta-feira (16), o presidente da República publicou foto em que aparece caminhando no corredor do hospital, sem a sonda nasogástrica e novamente sem máscara de proteção. Isso demonstra a vassalagem da equipe médica, que deveria exigir o uso do equipamento de proteção pessoal contra Covid-19, em especial em ambiente hospitalar.
Também nesta sexta, boletim divulgado pela equipe médica que acompanha o presidente informa que Bolsonaro “passa bem e evolui satisfatoriamente”. “O Hospital Vila Nova Star informa que o Senhor Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, passa bem e permanece evoluindo satisfatoriamente, com a conduta médica inalterada. O Presidente segue sem previsão de alta hospitalar.”
A sequência dos fatos mostra que fracassou o plano de Bolsonaro para se transformar em vítima no momento em que sua popularidade está em queda e as investigações da CPI da Covid mostram que o presidente é o que se conhece como “mais do mesmo”. Do contrário, há algum segredo que ainda não foi revelado. Até porque, para quem estava a vestir o camisolão do mártir, Bolsonaro está lépido e faceiro.
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