A Coreia do Norte disparou um míssil balístico no mar nesta terça-feira (19), possivelmente lançado de um submarino, segundo relatos das Forças Armadas da Coreia do Sul. Trata-se do quinto teste de armamento norte-coreano em menos de dois meses.
Em comunicado, as forças sul-coreanas afirmaram que haviam detectado um míssil balístico de curto alcance no Mar do Japão, vindo das proximidades de Sinpo, por volta das 10h17 (22h17 de segunda-feira em Brasília).
Sinpo, na costa nordeste da Coreia do Norte, abriga um importante estaleiro naval, e imagens de satélite mostraram anteriormente submarinos nas instalações.
“Os serviços de informações sul-coreanos e americanos estão efetuando uma análise minuciosa para obter detalhes adicionais”, disse o comunicado de Seul.
Pyongyang havia revelado quatro mísseis balísticos lançados a partir de submarino (SLBM, na sigla em inglês) em janeiro, durante um desfile militar, descrevendo a arma como “a mais poderosa do mundo”.
É crucial determinar se o míssil desta terça foi de fato disparado de um submarino ou de uma plataforma submarina. A capacidade de lançar mísseis a partir de submarinos elevaria o arsenal norte-coreano a um novo nível, permitindo ataques distantes da península coreana.
Em setembro, a Coreia do Sul testou seu primeiro SLBM e também revelou um míssil de cruzeiro supersônico.
O governo sul-coreano afirmou nesta terça que uma reunião de emergência do Conselho Nacional de Segurança foi convocada para discutir a situação, pedindo a Pyongyang uma retomada do diálogo bilateral.
Ao mesmo tempo, o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, disse que Tóquio aparentemente detectou o lançamento de dois mísseis balísticos, não de um.
Apesar de sanções internacionais
Sob a liderança de Kim Jong-un, a Coreia do Norte reforçou seu arsenal militar, apesar das sanções internacionais em vigor devido aos programas de armamento nuclear e de mísseis balísticos.
Dotada de armas nucleares, a Coreia do Norte tem efetuado vários testes de armamento nas últimas semanas, entre eles um míssil de cruzeiro de longo alcance, uma arma lançada de um trem e um míssil que Pyongyang identificou como hipersônico.
Sabe-se que Pyongyang vem desenvolvendo mísseis balísticos lançados a partir de submarinos. Dois disparos subaquáticos foram efetuados, em 2016 e em 2019, mas o Pentágono e analistas afirmaram ser provável que tenham partido de uma plataforma submersa.
“O regime Kim está desenvolvendo mísseis balísticos lançáveis a partir de submarinos porque quer um dissuasor nuclear mais potente, com o qual seja capaz de chantagear seus vizinhos e os Estados Unidos”, analisa Leif-Eric Easley, professor da Universidade Ewha, em Seul.
“O SLBM da Coreia do Norte está provavelmente longe de ser usado operacionalmente com uma ogiva nuclear, mas, politicamente, Kim não pode se dar ao luxo de parecer ficar para trás em uma corrida armamentista regional”, afirma Easley.
Tensão com os EUA
Pyongyang afirma que precisa de seu arsenal para se defender de uma possível invasão dos Estados Unidos, aliados da Coreia do Sul. Na semana passada, Kim responsabilizou Washington pela tensão na península coreana e afirmou que Washington é a “causa profunda” da instabilidade na região.
O teste desta terça aconteceu num momento em que Avril Haines, Diretora de Inteligência Nacional dos EUA, visita Seul para uma reunião sobre a Coreia do Norte com homólogos da Coreia do Sul e do Japão, segundo relatos. Também ocorreu após o representante especial dos EUA para a Coreia do Norte, Sung Kim, apelar novamente para o reinício das conversações bilaterais.
Em 2018, Kim tornou-se o primeiro líder norte-coreano a reunir-se com um presidente americano em exercício. Mas as conversações fracassaram numa cúpula com Donald Trump, em Hanói, em 2019, por não ter sido possível um acordo sobre o programa nuclear norte-coreano.
Washington tem manifestado, em diferentes ocasiões, vontade de se reunir com representantes norte-coreanos, em qualquer momento e em qualquer lugar, sem condições prévias.
Em 2017, Pyongyang testou mísseis capazes de alcançar toda a parte continental dos EUA e realizou sua mais potente explosão nuclear. (Com agências internacionais)
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