Medidas do governo para o mercado de automóveis servem para gerar postos de trabalho no exterior

Fio trocado – É meramente pirotécnico o discurso protecionista do Palácio do Planalto, que anunciou aumento de trinta pontos percentuais para o IPI incidente sobre carros importados, exceto os produzidos na Argentina e no México, países com os quais o Brasil mantém acordo comercial para o setor de automóveis.

A decisão palaciana de elevar o IPI dos importados e exigir das montadoras um índice maior de componentes nacionais (65%) nos modelos fabricados no País inviabiliza a competitividade dos automóveis verde-louros, uma vez que a saída para manter preços convidativos é importar boa parte das autopeças. Com essa exigência, os modelos fabricados no Brasil ficarão mais caros e continuarão perdendo terreno para os veículos importados, em especial os chineses.

A mudança na alíquota do IPI para carros que tenham menos de 65% de componentes nacionais deve provocar um aumento de preço de 25% a 28%. Antes da medida, o IPI variava de 7% a 25%, de acordo com a potência do motor e o tipo de combustível, mas a partir de agora deve oscilar entre 37% e 55%.

Um dos grandes problemas brasileiros está na elevada carga tributária, que representa incríveis 35% do Produto Interno Bruto. Em países em desenvolvimento, a carga tributária varia entre 60% e 70% da brasileira, sempre em comparação com o PIB. Na China, por exemplo, a carga tributária está na casa de 15% do PIB local.

De tal modo, o que o Palácio do Planalto anunciou servirá apenas para mandar para o alto o preço dos carros brasileiros, não sem antes auxiliar para a geração de empregos no México e na Argentina.