(*) Natália Fernandes, do RD on line –
Com 49 mil casos registrados a cada ano, o Brasil contabiliza um novo diagnóstico de câncer de mama a cada 11 minutos. E o cenário só tende a piorar. Segundo projeções de especialistas da área médica, até 2023 o número de novos casos irá dobrar.
Para alertar sobre os riscos da doença e a importância da prevenção e diagnóstico precoce, este mês é marcado como o Outubro Rosa, movimento internacional, que começou nos Estados Unidos, nos anos 1990, e tem, como símbolo, um laço cor-de-rosa. Por isso, tradicionalmente os municípios iluminam seus principais monumentos com a cor que remete à luta contra o câncer.
De acordo com dados do INCA (Instituto Nacional de Câncer), o câncer de mama é o segundo tipo mais frequente no mundo e o mais comum entre as mulheres, com 22% dos casos novos a cada ano. No Brasil, as taxas de mortalidade continuam elevadas devido, principalmente, ao diagnóstico tardio. Foram registradas 11.860 mortes por câncer de mama, sendo 11.735 mulheres e 125 homens em 2008. Na população mundial, a sobrevida média após cinco anos é de 61%.
Relativamente raro antes dos 35 anos, acima desta faixa etária sua incidência cresce rápida e progressivamente. Estatísticas indicam aumento de incidência tanto nos países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), nas décadas de 1960 e 1970 houve aumento de 10 vezes nas taxas de incidência ajustadas por idade nos Registros de Câncer de Base Populacional de diversos continentes.
Segundo Marcelo Aisen, oncologista do Centro Paulista de Oncologia, não existem estudos ou levantamentos específicos do Estado de São Paulo, mas para o especialista os números divulgados no Brasil são subestimados. “A doença vai avançando cada vez mais. Existem alguns novos tratamentos em estudo, mas no Brasil a radioterapia e a quimioterapia devem continuar sendo as opções de tratamento”, afirma.
Pesquisa que será publicada ainda nesse ano na revista “RBM-Oncologia” demonstra que o câncer de mama é o mais frequente nos hospitais Mário Covas e no Anchieta, ambos na região. Os detalhes do levantamento, no entanto, ainda não estão disponíveis.
Cerca de 80% dos casos de câncer de mama é do tipo carcinoma ductal. O carcinoma lobular é bilateral (acomete as duas mamas) em 30% dos casos. Os outros tipos de câncer de mama menos freqüentes, como doença de Paget, carcinoma mucinoso, medular, tubular e papilar correspondem a menos de 10% de todos os casos. O carcinoma inflamatório constitui de 1 a 3% dos cânceres de mama, sendo uma das formas mais agressivas do câncer de mama.
Embora a hereditariedade seja responsável por apenas 10% do total de casos, mulheres com histórico familiar de câncer de mama, especialmente se uma ou mais parentes de primeiro grau (mãe ou irmãs) foram acometidas antes dos 50 anos, apresentam maior risco de desenvolver a doença.
Mamografia eleva chance de cura
Para o oncologista do hospital Albert Einstein, Ricardo Caponero, apenas o autoexame não é suficiente para detectar o tumor. “Somente a mamografia consegue detectar lesões menores que 1 cm, que pode elevar a chance de cura para 95%. Por isso, é extremamente importante que as mulheres façam o exame periodicamente”, alerta.
Ainda que a detecção precoce seja uma das principais armas para reverter o quadro da doença, o oncologista demonstra que os recursos estão cada vez maiores. “A Medicina está avançando e hoje dispõe de medicamentos que podem garantir maior conforto para a paciente quanto ao tratamento”, diz.
Uma das opções é a doxorrubicina lipossomal peguilada, mais conhecida como DLP, que além da eficácia do resultado provoca diminuição dos efeitos colaterais, como náuseas, vômitos e queda de cabelo. A droga está disponível no SUS (Sistema Único de Saúde).
Outro medicamento, apresentado recentemente durante congresso em Estocolmo, Suécia, o everolímus, pode reverter problemas hormonais provocados pela quimioterapia. “Este remédio já é utilizado no Brasil, para tumores nos rins, mas é preciso que a Anvisa mude a especificação na bula para podermos utilizar nos casos de câncer de mama”, conta.
Já o trastuzumab, que também existe no Brasil, mas apenas para pacientes da rede particular, será o mote da campanha Outubro Rosa deste ano. “A Anvisa deu parecer negativo para este medicamento, só por causa do seu alto custo. É um remédio usado em larga escala nos Estados Unidos, Japão e Europa”, revela Caponero.