Chumbo trocado – Como era de se esperar, começou a troca de favores para defender Lula, que caiu em desgraça com a revelação das denúncias feitas por Marcos Valério, em setembro passado, à Procuradoria-Geral da República.
Considerado o operador do Mensalão do PT e condenado a mais de quarenta anos de prisão na Ação Penal 470, Valério disse aos procuradores que Lula autorizou a contratação de empréstimos junto aos bancos Rural e BMG.
Em defesa do ex-metalúrgico saíram o presidente do Senado, José Sarney, e o presidente da Câmara dos Deputados, o petista gaúcho Marco Maia. Sarney afirmou que Lula é um “patrimônio” do país e que não crê nas declarações de Marcos Valério. “Se ela [declaração de Marcos Valério] existiu, é uma profunda inverdade porque, na realidade, o senhor que disse não tem autoridade para falar sobre o presidente Lula, que é um patrimônio do país, da história do país, por toda sua vida, por tudo que ele tem feito”, declarou o presidente do Senado.
Já o presidente da Câmara disse que a declaração de Marcos Valério é “desequilibrada” e se configura como uma “tentativa de confundir o processo”. “Não é uma opinião equilibrada nem uma opinião que mereça confiabilidade vinda da forma como veio, no momento que ela veio”, disse Maia.
“Informações desta natureza certamente não ficariam escondidas ou não ficariam descobertas num processo de investigação tão árduo, tão duro, tão profundo como foi feito durante inclusive a CPI do mensalão aqui na Câmara dos Deputados e no Senado”, completou o petista.
Analisemos por partes os defensores de Lula. Que José Sarney sairia em defesa de Lula já era algo esperado, pois os brasileiros não podem esquecer que por ocasião do escândalo dos malfadados atos secretos, em 2009, o então presidente defendeu o maranhense. À época, Lula disse que José Sarney, a quem ele tanto criticou no passado, não poderia ser tratado como “uma pessoa comum”. “Sarney tem história no Brasil suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum”, afirmou o então presidente da República.
Fora esse palavrório visguento e encomendado, é importante destacar que por ocasião da eclosão do escândalo do Mensalão do PT, foi Sarney quem atuou nos bastidores, não de graça, para impedir que a oposição pedisse o impeachment de Lula. E um discurso contraditório a essa altura seria suicídio político, apesar de que discurso de político não tem garantia alguma.
Em relação ao presidente da Câmara, Marco Maia, o discurso tem duas razões. A primeira delas é que a defesa de Lula se trata de uma ordem do partido, que não pode ser descumprida em qualquer hipótese. A segunda é que Maia deixa a presidência da Câmara em fevereiro próximo e sonha conseguir um espaço na Esplanada dos Ministérios, algo que espera há muito tempo.