Saúde pública do Rio está caótica, mas Planalto só intervém no setor quando o prefeito é da oposição

Dois pesos – Com incontestável vocação para fiscal de praia, pois sua irresponsabilidade não lhe garante qualquer cargo melhor, Eduardo Paes ousou ser prefeito do Rio de Janeiro e conseguiu a proeza de ser reeleito. Diz a sabedoria popular que cada povo tem o governante que merece, mas é difícil acreditar que os cariocas encarem com naturalidade o caos que reina na segunda mais importante cidade brasileira.

Na noite do último Natal, uma jovem de apenas dez anos foi atingida na cabeça por uma bala perdida. Culpa da inoperância de Sérgio Cabral Filho, o governador, que é responsável pela segurança pública estadual. A jovem aguardou oito horas por uma cirurgia, pois o neurocirurgião decidiu por conta própria não comparecer ao trabalho no Hospital Municipal Salgado Filho. Transferida para um hospital estadual, a vítima teve a morte cerebral decretada pelos médicos e morreu dias atrás.

O caos que domina a saúde pública do Rio voltou a ser alvo de mais um escândalo. Tatiane de Souza de Araújo, com quarenta semanas de gravidez, acusou a equipe do hospital municipal Ronaldo Gazolla, em Acari, na Zona Norte, de se negar a interná-la e realizar o seu parto. Para ser internada na última sexta-feira (4), Tatiane precisou recorrer à Justiça, que lhe concedeu uma liminar.

A vergonha em que se transformou a saúde pública no Brasil ultrapassa com largueza os limites do acinte, mas as autoridades competentes não tomam qualquer medida para reverter o quadro que tem levado milhares de brasileiros à morte, enquanto esperam por atendimento médico nas filas dos hospitais.

Quando o mágico Lula estava presidente, ousando afirmar que a saúde pública no Brasil estava a um passo da perfeição, o governo federal não pensou duas vezes para intervir no sistema de saúde do Rio. Uma operação que só aconteceu porque o prefeito à época era César Maia, integrante da oposição. O mesmo não se repetirá agora, pois Eduardo Paes lambe as botas de Lula e Dilma.