Hora errada – Depois de patrocinar um recente ataque midiático contra o cardeal Jorge Mario Bergoglio, agora papa Francisco, a presidente Cristina Elisabet Sánchez de Kirchner foi ao Vaticano para a cerimônia de entronização do novo líder da Igreja Católica e encantou-se com o pontífice, que não é sinal de humildade, mas de falsidade.
Como se Bergoglio fosse um íntimo e antigo amigo, o que jamais foi, a presidente da Argentina pediu ao papa Francisco para que na condição de chefe de Estado interceda junto ao Reino Unido para solucionar o impasse que marca a disputa pelo arquipélago das Ilhas Falkland, sob o domínio dos britânicos e reivindicado pela Casa Rosada.
Há dias, um plebiscito realizado nas Ilhas Falkland mostrou que a extensa e esmagadora maioria dos ilhéus quer continuar sob o manto do Reino Unido, até porque ninguém seria insano de optar pela tutela de um país que está em grave crise econômica e cada vez mais enrolado na corda do socialismo matreiro que se estende pela América Latina.
Argentino que é, Jorge Bergoglio sabe que seria um enorme equívoco o país sul-americano ter as Ilhas Falkland sob seu controle, algo que a presidente Cristina Kirchner insiste como forma de criar uma cortina de fumaça diante da crise econômica que coloca seu governo no despenhadeiro político. Fora isso, o papa conhece muito bem o modus operandi da presidente, com a qual já teve suas desavenças em passado não tão distante.
Cristina Kirchner poderia ter pedido ao papa Francisco uma bênção especial aos argentinos, que têm resistido bravamente ao populismo e à incompetência que escapa pelas portas da Casa Rosada e atinge todo o país. O pedido de Kirchner não passou oportunismo barato, pois transformou uma visita de cortesia em encontro de uma aproveitadora que quer tirar proveito da posição de um desafeto histórico.