No PT do Paraná todos sabem que Fernando Borges fez delação premiada, mas a maioria desconhece o teor do seu depoimento, que é considerado por poucos como “nitroglicerina pura”. O secretário municipal pode ter revelado a origem do dinheiro reunido com o objetivo de silenciar todas as vítimas dos 26 estupros de menores de que Gaievski é acusado ou mudar seus depoimentos. Essa operação teria mobilizado recursos da ordem de R$ 600 mil.
Quando Borges foi preso, junto com o filho de Gaievski, André, a polícia apreendeu R$ 1 mil com as mães de duas vítimas do pedófilo. Esse dinheiro seria um sinal para que as mulheres fossem até um cartório e registrassem depoimentos inocentando o ex-assessor de Gleisi. Elas receberiam mais dinheiro ao longo do julgamento e uma quantia maior quando Gaievski fosse libertado.

A ação policial impediu que a operação para libertar Gaievski prosperasse, fazendo com que Fernando Borges e André Gaievski ficassem sujeitos a longas penas de prisão, enquadrados no artigo 343 do Código Penal (Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação) e artigo 288 (formação de quadrilha). Já os irmãos de Gaievski, Edmundo e Francisco, também envolvidos na operação, tiveram a prisão decretada e estão foragidos.
Eduardo Gaievski foi prefeito de Realeza por dois mandatos (2005-2012) e em janeiro deste ano foi levado para Brasília pela ministra Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, e encarregado de tratar das políticas relativas a menores do governo federal. Em agosto, foi preso pela suspeita de envolvimento em 40 crimes sexuais, entre eles estupros de menores, estupros de vulneráveis, favorecimento à prostituição e crimes de responsabilidade. Da cadeia, em Curitiba, Gaievski passou a mandar recados ao PT, ameaçando contar o que sabe caso fosse abandonado. Especula-se que essas ameaças podem ter desencadeado uma operação desastrada para libertá-lo do cárcere.