Gregos abusam da ironia ao dizer que pagamento a credores é questão política

alexis_tsipras_07Jogo de cena – Um encontro entre o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, e credores internacionais iniciado na quarta-feira (3), em Bruxelas, estendeu-se até as primeiras horas da manhã desta quinta-feira, na tentativa de se chegar a um acordo.

As conversas com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselboem, giraram em torno das reformas que Grécia precisa implementar para chegar a um entendimento com os credores.

Com o prazo para o pagamento de 1,6 bilhão de euros em empréstimos expirando ainda neste mês, Atenas está correndo contra o tempo para alcançar um acordo com as instituições credoras – Comissão Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI). Com o acordo, a Grécia poderá acessar ajudas financeiras cruciais no montante de 7,2 bilhões de euros.

Na sexta-feira (5), Atenas estará diante de uma prova de fogo: terá de pagar uma parcela de 305 milhões de euros ao FMI. De acordo com o governo grego, o país dispõe de fundos suficientes para honrar a dívida, mas ainda não deu ordem para transferir o dinheiro.

Segundo fontes da Agência de Gestão da Dívida Pública grega (PDMA, na sigla em inglês), tanto o dinheiro da sexta-feira quanto a parcela de 335 milhões de euros que vence em 12 de junho estão disponíveis, mas a decisão de fazer ou não os pagamentos é “política”.

Há poucos dias, diversos dirigentes do Syriza, partido de Tsipras, asseguraram que o pagamento só seria feito se houvesse ao menos uma perspectiva de acordo. O fato de a reunião em Bruxelas não ter produzido resultados significativos, deixa aberta a incerteza sobre o pagamento.

“Reunião construtiva”

A Grécia e as instituições credoras ainda continuam com divergências significativas quanto ao sistema de pensões. No tocante ao saldo orçamentário primário (sem juros da dívida), o governante grego informou, porém, que se pode estar perto de um entendimento.

No final de quatro horas de reunião em Bruxelas, Tsipras disse acreditar que haverá progressos nos próximos dias e acrescentou que o importante é não “fazer os mesmo erros do passado”, quando foram seguidas políticas de austeridade duras. “Acredito que, em todo caso, vislumbra-se um acordo, mas precisamos concluir as discussões com base em pontos de vista realistas.”

Em comunicado, a Comissão Europeia, órgão executivo da União Europeia (UE), disse que esta foi “uma reunião construtiva” e que foram feitos progressos para cada parte entender as posições do outro. Dijsselbloem também falou aos jornalistas após o encontro, mas se limitou a dizer que as conversações foram “boas” e que “continuarão dentro de alguns dias”.

Oportunismo barato

Representante da esquerda radical grega, Alexis Tsipras foi eleito no vácuo de um discurso fanfarrão que prometia rompimento com o capitalismo e com os credores internacionais, como se isso fosse simples. Instalado no cargo de primeiro-ministro, Tsipras percebeu que cumprir suas promessas seria impossível, já que a Grécia há anos está mergulhada em uma crise sem precedentes, o que inviabiliza a saída do país da zona do euro, como se cogitou.

Entre o que prometeu e o que terá de fazer, que é o pagamento aos credores, Alexis Tsipras não tem outra saída a não ser trair seus eleitores. Por conta desse impasse, o primeiro-ministro da Grécia surge em cena com um palavrório oportunista, estratégia criada para não desapontar aqueles que lhe confiaram o voto na esperança de, a reboque de um passe de mágica, reverter a crise que vem derretendo a economia local.

O grande erro da Grécia foi ingressar na União Europeia se ter condições econômico-monetárias para tanto. A partir do Tratado de Maastrischt, assinado em 7 de fevereiro de 1992 e que formalizou a União Europeia, as nações-membro do bloco passaram a ser niveladas por cima, ou seja, foram consideradas as condições e culturas econômicas dos países mais desenvolvidos do grupo, o que fez com que os “problemáticos” turbinassem suas agruras.

Tsipras pode dizer o que desejar, até porque a Grécia é uma democracia, mas não pode fugir à realidade com uma fala desconexa e irresponsável, como se m calote não pudesse levar o país à bancarrota em questão de dias. Quando tomou dinheiro dos órgãos internacionais, o governo de Atenas sabia o que estava fazendo, assim como Tsipras conhecia a extensão do problema e tinha consciência de que suas promessas esquerdistas eram utópicas e inviáveis. (Com agências internacionais)

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