Grécia: pesquisa aponta ligeira vantagem do “sim” no referendo do próximo domingo

grecia_crise_20Contagem regressiva – Faltando menos de 24 horas para o referendo, agendado para o próximo domingo (5), uma nova pesquisa de opinião sobre o a consulta popular na Grécia, divulgada nesta sexta-feira (3), indica um resultado equilibrado, que poderá selar o futuro do país na União Europeia.

O levantamento encomendado pelo jornal grego “Ethnos” ao instituto de pesquisas Alco indica uma mudança na tendência revelada por uma pesquisa de opinião anterior, que colocava à frente o voto “não” às reformas econômicas impostas pelos credores internacionais da Grécia, defendido pelo governo do primeiro-ministro Alexis Tsipras.

A nova pesquisa coloca o “sim” em ligeira vantagem, com 44,8% dos entrevistados se declarando a favor das reformas, apesar do esforço de tsipras para convencer os gregos a votarem contra as exigência do Eurogrupo. Os eleitores contrários às medidas de austeridade somaram 43,4% e os indecisos, 11,8%.

O levantamento mostra também que a ampla maioria da população (74%) deseja que a Grécia permaneça na zona do euro, enquanto 15% prefeririam voltar à antiga moeda grega, o dracma.

Dos entrevistados, 61% consideram que a vitória do “não” elevaria o risco de o país deixara a união monetária, contra 30% com opinião contrária – 9% disseram não saber.

Ainda assim a maioria (51%) acredita que uma vitória do “não” levaria a uma mudança de postura por parte dos credores.

A pesquisa foi divulgada um dia após o Fundo Monetário Internacional (FMI) lançar um grave alerta sobre a situação econômica do país, apontando que Atenas irá precisar de 50 bilhões de euros extras nos próximos três anos, incluindo 36 bilhões de euros de seus parceiros europeus, para manter a economia funcionando.

Legalidade do referendo é questionada

O maior tribunal administrativo da Grécia, o Conselho de Estado, anunciou nesta sexta-feira que irá examinar a legalidade da realização do referendo, nos moldes estabelecidos pelo governo. Segundo informações de círculos jurídicos em Atenas, dois cidadãos entraram com pedidos de cancelamento da consulta popular, alegando que ela vai contra a Constituição.

Eles argumentam que temas referentes às finanças públicas não podem ser decididos através de um referendo. Entretanto, especialistas gregos em Constituição acreditam que o Conselho de Estado deverá rejeitar a ação.

A história se repete

Caso prevaleçam os prognósticos dos institutos de pesquisa, ou seja, a vitória do “sim”, o governo do ultraesquerdista Alexis Tsipras pode acabar nas primeiras horas da próxima segunda-feira (6), cabendo ao premiê convocar novas eleições por falta de apoio político e popular.

Quando foi eleito, Tsipras vendeu aos gregos a ideia de enfrentar os credores do país, como forma de defender a soberania do país e devolver à população um modelo econômico supostamente mais justo. A estratégia do primeiro-ministro foi arriscada e imita decisão do então premiê Georges Papandreou, que em novembro de 2011 tomou a mesma atitude em relação aos credores – leia-se troika – e à União Europeia.

Uma semana depois da equivocada aposta, já sem apoio político e tendo a população grega no seu encalço, Papandreou deixou o governo da Grécia na esteira de um acordo de um período de transição. Alexis Tsipras pode experimentar os mesmos efeitos colaterais, pois sua preocupação primeira é manter o poderio político e o discurso de campanha, utópico, é bom lembrar. (Com agências internacionais)

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