Perderam a vergonha – Quando teve a vitória confirmada nas urnas, Dilma Rousseff disse que seu governo seria formado por técnicos e que o combate intransigente à corrupção seria uma prioridade. A mentira se consumou muito antes de Dilma assumir o poder central, pois concordou em manter na chefia de gabinete do escritório paulistano da Presidência da República a namorada do seu antecessor, Rosemary Noronha. O que é amoral, não sem antes ser criminoso.
Como se fosse pouco, a “Marquesa de Garanhuns” (a genial citação é da socióloga Maria Lucia Victor Barbosa), nomeou o ex-marido, José Claudio Noronha, para o conselho de algumas estatais (Brasilprev e a outrora Aliança do Brasil). Na condição de suplente de conselheiro, Noronha, o ex-marido, nunca trabalhou ao longo de três anos e meio, mas recebeu nesse período R$ 132 mil, o que mensalmente representa pouco mais de R$ 3 mil.
Tirante o imundo enredo de novela mexicana da pior qualidade, o favor que Dilma fez a Lula, mantendo Rosemary Noronha no cargo até a deflagração da Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, é café pequeno.
A corrupção maior campeia na Esplanada dos Ministérios, loteada de maneira acintosa para substituir o esquema do Mensalão do PT. Em outras palavras, mudou-se a forma de pagamento, mas a compra de parlamentares continua até hoje.
Em alguns momentos, Dilma Rousseff ensaiou lampejos de moralidade administrativa, demitindo alguns ministros e integrantes da máquina federal que acabaram transgredindo além do limite fixado pelo Palácio do Planalto. Entre os demitidos estava o então ministro dos Transportes Alfredo Nascimento, presidente nacional do Partido da República, legenda que por conta da retaliação oficial deixou a base aliada, mas não se furtou de votar a favor do governo.
O mesmo Alfredo Nascimento agora é cortejado por Dilma Rousseff, que pretende reincorporar o PR ao governo, até porque a neopetista está de olho na reeleição. E por causa desse objetivo, de lado ficam a moralidade e a promessa de combater a corrupção. Dilma acena com a possibilidade de entregar o Ministério dos Transportes ou da Agricultura para o partido que é comandado efetivamente por Valdemar Costa Neto, deputado federal por São Paulo e condenado no processo do Mensalão do PT. A perda de mandato, que será consumada com o trânsito em julgado da sentença condenatória que consta na Ação Penal 470, em tramite final no Supremo Tribunal Federal, não tirará de Costa o seu poder de mando no partido.
Ainda que enfrentando a resistência das bancadas do partido no Senado e na Câmara dos Deputados, o senador Blairo Maggi, do PR de Mato Grosso, é um dos cotados pelos palacianos para vestir a fantasia de ministro depois do Carnaval. Maggi, para quem não sabe, é o padrinho político de Luiz Antonio Pagot, ex-diretor do Dnit, que foi ejetado do cargo no meio de um escândalo de corrupção, mas ameaçou o Planalto com a possibilidade de revelar, na CPI do Cachoeira, o que sabe sobre os imbróglios envolvendo o governo e a Delta Construção. Ficou na promessa.
Como afirmamos em matérias anteriores, a presidente Dilma Rousseff não está preocupada com a crise econômica que coloca o Brasil à beira do precipício e corrói a dignidade e o salário dos brasileiros, mas focada no projeto de reeleição em 2014. O objetivo do núcleo duro do governo é empurrar a atual situação até a próxima eleição presidencial, uma vez que o prazo de validade da mentira expirará longo em seguida.
O Brasil clama por mudanças, por faxina política, mas o conluio patrocinado pelos donos do poder caminha na contramão. Mantém o status quo e enlameia ainda mais a política nacional. Mesmo assim, alguns abusados conseguem falar em novos e melhores tempos.