Falando demais –
Mal chegou à presidência do Conselho de Ética e o senador Paulo Duque (PMDB – RJ) já vem causando vozerio no já estremecido Senado Federal. As declarações dadas na última quinta feira pelo senador em nada agradaram a seus colegas da Casa que, no último dia de sessão antes do recesso, não pouparam críticas ao peemedebista.
Duque foi questionado sobre as cobranças da opinião que terá de enfrentar ao longo das decisões à frente do colegiado, e demonstrou que essa questão não está no topo de sua lista de preocupações. “Não estou preocupado com isso. A opinião pública é muito volúvel. Ela flutua”, minimizou o presidente d Conselho de Ética respondendo sobre os julgamentos que terá de fazer contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB – AP).
E ainda foi além: “Não temo ser cobrado por nada. Quem faz a opinião pública são os jornais, tanto que eles estão acabando”, debochou o senador que, não custa lembrar, não foi eleito pela “volúvel” opinião pública. Duque ocupa tal cargo como o suplente do suplente, já que conquistou a vaga deixada por Sérgio Cabral, que deixou o Senado para assumir a prefeitura do Rio de Janeiro levando o primeiro suplente como vice.
Nesta sexta-feira, senadores se mostraram intensamente insatisfeitos com as palavras de Duque. O primeiro a se manifestar foi Cristovam Buarque (PDT-DF), para quem a atitude do presidente do colegiado “é uma das maiores vergonhas que essa Casa já sofreu”. E Cristovam também acusou: “O Conselho é uma farsa”.
O tucano Álvaro Dias (PR) foi tão crítico quanto o colega pedetista. “Como há de se admitir que alguém, eleito presidente do Conselho de Ética, como primeira atitude, opte por agredir a opinião pública do país, desacatar o cidadão do país, ofendê-lo, acusá-lo de volubilidade?”, protestou Dias, que não parou por aí: “O Conselho de Ética não pode desmoralizar ainda mais esta instituição. Fico refletindo sobre quais as razões de determinadas indicações. É uma tentativa de se vingar do Senado? É uma tentativa de debochar do Senado?”, questionou o senador aludindo à indicação de Duque à presidência do Conselho.
Em tempo: Paulo Duque é conhecido engavetador desde a época de Carlos Lacerda.