Pra frente Brasil!

(*) Arnaldo Jardim –

A vitoriosa candidatura governista à Presidência da República beneficiou-se de uma conjuntura internacional extremamente favorável para a nossa economia, medidas para aumentar o consumo e o crédito internos, reduções pontuais de impostos sobre alimentos e bens de consumo, além de um bem sucedido programa de transferência de renda.

Com maior poder de compra, empregos formais em alta, a maioria dos eleitores votou pela continuidade, sob a égide do jargão “nunca antes na história deste País” cunhado pelo, agora, ex-presidente Lula, que surfava em patamares recordes de aprovação. Em suma, nas eleições prevaleceu o olhar para trás que acabou por inibir as discussões do futuro!

Diante isso, pairam muitas dúvidas sobre como a nova presidente vai manter o nosso crescimento econômico; equacionar o aumento recorde dos gastos públicos e a inflação que superou as metas do Banco Central; fazer frente ao desaquecimento da economia global pós-crise; combater a valorização excessiva do real que ameaça as exportações, indústrias e empregos. Isso só para ficar na área econômica.

Na Câmara dos Deputados, o bloco governista contará, a princípio com 372 dos 513 deputados, enquanto no Senado, terá 58 senadores e 22 da oposição. Mesmo definidos como “governistas”, sabemos que a formação de uma base aliada não se dará por decreto e dependerá muito de como o novo governo enfrentará os desafios que virão e a oposição deverá ter sabedoria para lidar com as contradições deste bloco, estabelecer avanços, “fazer política”.

Particularmente, o Congresso Nacional tem uma grande dívida com a sociedade, principalmente em virtude das reformas estruturais e estruturantes que foram deixadas de lado pelo Governo Lula, tais como: as reformas Política, Previdenciária, Tributária e do próprio Estado.

Independente das querelas político-partidárias, cabe a nós da oposição, além de fiscalizar o novo governo, denunciar o mau uso do erário público e punir os seus responsáveis, termos sabedoria em lidar com as contradições do poder para estarmos abertos a alianças momentâneas em torno de projetos de interesse da nação.

Afinal, precisamos ser propositivos quanto ao combate à desigualdade social; uma justa política tributária; política industrial focada na inovação e tecnologia; nossa imersão na Economia Verde; política agrária que traga desenvolvimento e paz no campo; fazer com que os programas de transferência de renda sejam a porta de entrada de uma verdadeira inserção social; assegurar uma política cambial com viés exportador; lutarmos pela qualidade dos serviços públicos oferecidos à população; definirmos uma política de defesa/segurança; e, finalmente, qual o tipo de liderança que o Brasil deve desempenhar no mundo.

São temas urgentes que estabelecem os alicerces de um desenvolvimento verdadeiramente sustentável, duradouro e capaz de alavancar nossa economia “emergente” a patamares de 1º mundo.

Dentro deste escopo, preocupa-me também a ausência de uma Política Nacional de Desenvolvimento, capaz de estabelecer um planejamento estratégico de longo prazo, no sentido de responder a demanda de sediarmos os dois maiores eventos esportivos do mundo (Copa e Olimpíadas), além da necessidade de avanços no marco regulatório para exploração da camada do Pré-Sal. Afinal, basta lembrarmos a precariedade da nossa infraestrutura que chegamos à conclusão de que há um “País a se construir”.

Portanto, a próxima presidente terá sérios desafios econômicos de curto prazo, para conduzir políticas que contribuam para a sustentabilidade do atual ciclo de crescimento, e outros desafios sociais, como educação, saúde, segurança pública e infraestrutura, de médio e longo prazos, que exigirão da nossa presidenta uma visão mais de estadista do que de chefe político ou de uma facção partidária.

(*) Arnaldo Jardim é deputado federal pelo PPS de São Paulo