Descontentamento das centrais sindicais contra o mínimo será testado na terça-feira, em SP

Ver pra crer – O poder de mobilização das centrais sindicais contra o salário mínimo, agora majorado para míseros R$ 545, será testado na terça-feira (18). Os sindicalistas reivindicam um mínimo de R$ 580, bem abaixo do que recomenda o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que concluiu que o valor deveria ser de R$ 2.227,53.

De acordo com o órgão, o valor sugerido levou em conta o custo da cesta básica em dezembro passado, além de ir ao encontro do que estipula a Constituição Federal em relação às garantias mínimas, como alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência. Na última sexta-feira (14), o ministro Guido Mantega anunciou que o novo salário mínimo passará a valer, a partir de 1° de fevereiro, R$ 545, ante R$ 540,00 em vigor desde 1° de janeiro.

A manifestação, que também condena a correção da tabela do Imposto de Renda, está prevista para começar às 10 horas na Avenida Paulista, principal centro financeiro do País, na cidade de São Paulo. “Em vez de negociar, o governo veio com pacote pronto”, lamenta o presidente da União Geral dos Trabalhadores, Ricardo Patah. “O presidente Lula tinha um compromisso com a classe trabalhadora e confirmou contra tudo e contra todos adotou a isenção fiscal de automóveis, linha branca e material de construção civil”, recorda Patah. “O governo abre a guarda e não reafirma seu compromisso com o trabalhador”.

Em artigo publicado hoje no site “Vermelho” – mantido pelo PcdoB – o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), também lamenta: “Entendemos que o abandono da política de recuperação do poder de compra do mínimo, resultado de um acordo entre as centrais sindicais e o então presidente Lula em 2006, é um retrocesso”.

Paulinho da Força, como é conhecido, confirma indiretamente que o sindicalismo brasileiro se transformou em um movimento de gabinete. No seu artigo de poucas linhas, o sindicalista afirma “vamos marcar” uma audiência com a presidenta Dilma Rousseff “para discutir a nossa proposta” e reivindicar também o repasse de 80% do índice a ser concedido ao salário mínimo e a correção da tabela do IR, com base na inflação do ano passado.