Governo continua gastando, inflação tem recuo pífio e Copom deve elevar a taxa básica de juros

Receita venenosa – Divulgado nesta segunda-feira (6), Boletim Focus, do Banco Central, traz a informação de que o mercado financeiro nacional reduziu pela quinta semana consecutiva a previsão de inflação para 2011. De acordo com a publicação, o prognóstico dos analistas financeiros é de que o IPCA feche o ano em 6,22%, o que representa recuo de 0,01 ponto percentual, já que na semana anterior a previsão era de inflação na casa dos 6,23%.

Mesmo diante dessas modestas manifestações de recuo da inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve anunciar na próxima quarta-feira (8) um novo aumento da taxa básica de juros (Selic), atualmente fixada em 12% ao ano. De acordo com o professor de macroeconomia da Escola de Economia da FGV-SP, Rogério Mori, o aumento deve ser de 0,25 ponto percentual. “A inflação ainda segue pressionada, embora exista a perspectiva de algum alívio no curto prazo. Os sinais ainda apontam para uma inflação medida pelo IPCA superior a 6% até o final deste ano. Adicionalmente, o resultado do PIB do primeiro trimestre do ano mostrou que a atividade econômica brasileira permanece aquecida, embora existam alguns sinais de desaceleração na margem. A somatória desses elementos deverá influenciar o BC por mais um aumento na próxima reunião”, destacou o economista.

Os recentes e pequenos sinais de recuo da inflação – teórico, diga-se de passagem – resultam de algumas medidas tomadas pelo governo federal, como alta de juros e restrição ao crédito, mas nada representam em termos de combate ao mais temido fantasma da economia. Enquanto o trabalhador brasileiro a corrosão do salário, o Palácio do Planalto não consegue colocar em prática o corte de R$ 50 bilhões nas despesas públicas, medida anunciada com alarde pela presidente Dilma Rousseff. Na verdade, o gasto público tem crescido acima dos índices de avanço do Produto Interno Bruto (PIB).

Uma das saídas para efetivar o corte nas despesas públicas seria o desaparelhamento da máquina federal, algo que canha contornos de impossibilidade quando um governo se encontra no meio de uma crise e refém dos partidos da base de sustentação, cada vez mais ávidos por cargos e outros penduricalhos oficiais. Fora isso, a inflação tem todos os ingredientes para fechar o ano acima do teto fixado pelo governo federal, que é de 6,5%.

O mais interessante nessa história macabra é que até agora não surgiu um petista corajoso para falar sobre a herança maldita deixada pelo messiânico e boquirroto Luiz Inácio da Silva.